segunda-feira, 30 de abril de 2007

Giordano Bruno, mártir da ciência

Por que Deus, sendo infinito e todo-poderoso, não criaria um mundo infinito, com outros sóis e outras humanidades? Eis o que costumava perguntar Giordano Bruno (1548-1600), filósofo, astrônomo e matemático italiano, antes de afirmar a sua crença de que o Sol seria apenas uma estrela no meio de uma infinidade de estrelas.
Nas suas concepções, o Universo, assim infinito, seria povoado por milhares de sistemas solares, integrados por planetas, muitos dos quais com vida inteligente.


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Deus e o Universo são uma única e mesma coisa. Tudo é Deus, e Deus está em todas as coisas.

Giordano Bruno rejeitou a teoria geocêntrica e pelas suas idéias avançadas colocou-se até à frente da teoria heliocêntrica de Copérnico, pela qual o Universo era limitado por uma esfera de estrelas fixas, como preconizado vinte séculos antes por Aristóteles. Para ele, que deu aulas em universidades da Itália, França, Suíça e Inglaterra, as idéias de Aristóteles deveriam ser abandonadas sempre que fossem incompatíveis com a realidade observada.
Sua ambição era construir um embasamento filosófico que se coadunasse com as grandes descobertas científicas de seu tempo.
Por sua intuição extraordinária, estava séculos adiante de seu tempo e é considerado um pioneiro da filosofia moderna, tendo influenciado Descartes, Espinosa e Leibniz.
Quando o advertiam da incompatibilidade de suas idéias com o que se preconizava nas Escrituras, Giordano Bruno respondia que os textos religiosos não eram referências infalíveis ou obrigatórias, tanto que neles se omitiam completamente as Américas e seus povos, cuja existência dizia ser incompatível com o relato bíblico da Arca de Noé. Ou seja, a Biblia deveria ser observada por seus ensinamentos religiosos, não por suas declarações sobre Astronomia.
Por essa ousadia do pensamento, Giordano Bruno teve de pagar um preço elevado: foi feito prisioneiro do Santo Ofício e levado a julgamento perante o Tribunal da Inquisição. Em sua defesa Giordano Bruno apelou para a sua condição de filósofo, tal como Aristóles e Platão, cujas idéias nem sempre coincidiam com o que se continha nos textos sagrados.
O cardeal Roberto Bellarmino, consultor do Santo Ofício, propôs-lhe que se retratasse de suas idéias, para, desse modo, escapar da condenação.
Giordano Bruno declarou que não tinha nada de que retratar-se e que nem sabia de que se esperava que ele se retratasse. O resultado foi sua condenação à morte, na fogueira.
Alguns dias antes da execução Giordano Bruno teria dito aos seus carrascos:


- Essa sentença, pronunciada em nome do Deus da misericórdia, assusta mais a vocês do que a mim!

Queimado vivo, aos 52 anos de idade,
em Roma, no Campo das Flores, no ano de 1600, Giordano Bruno tornou-se um mártir do livre-pensamento. Morreu sem olhar o crucifixo colocado à sua frente para infligir-lhe uma derradeira humilhação. Com ele, entretanto, a filosofia começaria a se libertar da religião, favorecendo o nascimento da ciência moderna.

Um comentário:

Maria disse...

Conhecimento e informação, sempre oportunidades maravilhosas !!!