terça-feira, 17 de abril de 2007

Uma aula de Português muito pretensiosa (três partes)

Coriolano Zimber, o mais pretensioso professor de Português de Barro Verde, declarou certa vez que poderia ensinar os fundamentos da análise sintática a qualquer pessoa, independentemente de conhecimentos e qualificações prévias, em uma aula de 50 minutos.
Zimber publicou um artigo no Correio de Barro Verde, aqui apresentado em três partes.

Uma Visão Holística da Análise Sintática (primeira parte)

Ignore por enquanto a sua gramática de 873 páginas e passe a raciocinar comigo.
Veja, com efeito, que para exprimir uma ação bastaria ao orador enunciar uma palavra que tivesse sentido completo, a qual, doravante neste artigo, será designada como a PALAVRA. A PALAVRA, entretanto, não existe. Nem por isso o orador vai ficar calado, podendo usar o recurso de obter um enunciado equivalente à PALAVRA, com adicionar a um verbo as palavras que garantam a completude desejada. As palavras que se adicionam a um verbo são substantivos, adjetivos e advérbios, ou orações que lhes são equivalentes, formando o período, que representa a PALAVRA, ou seja, a ação a ser expressa.
Não há, de fato, verbos completos, pois todos têm um maior ou menor grau de incompletude; por isso a PALAVRA não existe, conforme mencionamos anteriormente. A missão do orador é construir a completude do verbo; ou seja, os verbos à disposição do orador no idioma considerado servem como núcleo do período equivalente à PALAVRA.
Desse modo, o verbo será considerado neste artigo como o componente sintático numero (1). Os outros componentes sintáticos, de (2) a (5), são os substantivos, adjetivos, advérbios e os componentes oracionais.

Componente sintático (1): Verbos, que são o núcleo da PALAVRA e podem ser de três tipos: verbos quase completos; verbos incompletos por subjetivação; verbos incompletos por subjetivação e objetivação. A incompletude do verbo determina o número de componentes sintáticos necessários ao período equivalente à PALAVRA.

(a) Verbos quase completos: são os que dispensam sujeito e objetos, como "anoitecer"e "trovejar". Não são completos por não exprimirem as circunstâncias da ação, donde a necessidade de acrescentar-lhes um advérbio: " Trovejou muito." e "Chove torrencialmente." Verbos quase completos são os verbos cuja completude exige apenas um advérbio, para exprimir as circunstâncias.

(b) Verbos incompletos por subjetivação, como "nascer"e "crescer". São os que, para sua completude, além do advérbio, necessitam de sujeito, uma função exercida por um substantivo. Exemplo: "Faleceu." Falta, no caso, indicar quem faleceu (o menino) e as circunstâncias (subitamente): "O menino faleceu subitamente".Verbos incompletos por subjetivação são os verbos incompletos cuja completude exige um substantivo, como sujeito, e um advérbio, para exprimir as circunstâncias.

(c) Verbos incompletos por subjetivação e objetivação, como "esperar", "precisar" e "comprar". São os que, para sua completude, além de sujeito e de advérbio, necessitam também de objeto direto. Ou de objeto indireto. Ou de ambos. São também os substantivos que exercem as funções de objeto direto e indireto. Exemplos: "João esperou o trem pacientemente.", "O professor precisa de você agora." e "A mulher comprou um presente para a filha às 17 horas." Verbos incompletos por subjetivação e objetivação são os verbos incompletos cuja completude exige substantivos como sujeitos e substantivos como objetos diretos, objetos indiretos ou ambos, para além dos advérbios, que exprimem as circunstâncias.

(continua)

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