terça-feira, 10 de abril de 2007

Controvérsia sobre Shakespeare(em três partes)


Controvérsia sobre Shakespeare (primeira parte)

A vasta obra atribuída a William Shakespeare se compõe de 37 peças, das quais 17 são comédias, dez são peças históricas e dez são tragédias, além de seis livros de poemas e uma coleção de 154 sonetos. A erudição e o conhecimento, que permeiam toda a obra, contrastam, todavia, com a prosaica biografia de William Shakespeare, sendo essa a razão que tem levado muitos autores e biógrafos a levantarem dúvidas sobre a autoria da obra, entre eles os que defendem a tese de que o verdadeiro autor usou Shakespeare para se manter anônimo e até os que atribuem a autoria a um grupo de escritores, que poderiam incluir rosa-cruzes, jesuítas e maçons.
Shakespeare nasceu no Século XVI em Stratford-upon-Avon, cidade às margens do rio Avon, a sudeste de Birmingham, na Inglaterra, filho de um lavrador que se tornou comerciante de peles e de cereais. Os que lhe negam a autoria da obra afirmam que William não freqüentou escola nenhuma, era arruaceiro e tratante, especulava com terras, pelo que ficou milionário, e mandou inscrever na lápide do seu sepulcro versinhos de mau gosto, que não estão à altura da façanha literária que lhe é atribuída. Seus filhos, incluindo a preferida Susanna, eram sabidamente analfabetos. Suas cinco ou seis assinaturas conhecidas mostram que redigia com muita dificuldade e, tendo sua vida vasculhada mais do que qualquer outro mortal em todos os tempos, nunca se descobriu um livro que lhe pertencesse ou um manuscrito de sua autoria. Seu testamento, redigido por terceiras pessoas, estabelece soluções inequívocas para todos os bens do seu espólio, até a destinação a ser dada às camas e às tigelas da família, mas não faz referência a nenhuma obra, nem a nenhum direito autoral. E a obra shakespeariana foi quase toda publicada em 1623, sete anos após a sua morte.
A controvérsia se mantém há mais de 300 anos. O poeta americano do Século XIX John Greenleaf Whittier disse certa vez: “Não importa se Bacon ou outro escreveu as peças maravilhosas, mas estou certo de que o homem Shakespeare não o fez, nem poderia”. Mark Twain, o consagrado escritor, humorista e editor norte-americano, foi mais exaustivo e publicou em 1909 uma antibiografia de Shakespeare, ”Is Shakespeare Dead?”, na qual descreve, ano por ano, tudo que se sabe que Shakespeare fez na vida e tudo que aconteceu à sua volta. Segundo Mark Twain, “até onde alguém realmente saiba e possa provar, o Shakespeare de Stratford-upon-Avon não escreveu nenhuma peça em sua vida.”
Essa biografia, mesmo sem as ironias de Mark Twain, não se coaduna de fato com um autor que demonstrou sólidos conhecimentos sobre filosofia clássica e esotérica, política e diplomacia, leis e termos legais, história da Inglaterra e da Europa, literatura clássica, domínio do francês, italiano e espanhol, conhecimento da Itália, França, País de Gales e Dinamarca, horticultura, jardinagem, pesca, caça e falconaria, música e termos musicais, pintura e escultura, matemática, astrologia e astronomia, história natural, medicina e psicologia, vida militar, heráldica, navegação, folclore e mitologia fantástica, gerenciamento teatral, maçonaria, criptografia, além de jargões só conhecidos pelos que tenham freqüentado a Universidade de Cambridge.
(continua)

Nenhum comentário: