sábado, 14 de abril de 2007

ESTÂNCIAS

(paráfrase de "Estâncias", de Fagundes Varela)


O que mais quero em ti são os teus olhos,
teus meigos olhos, belos e tristonhos;
e de seu brilho, de fulgor tamanho,
raios de sol inundam os meus sonhos...

O que mais quero em ti são os teus lábios,
em delicada forma revelados;
neles terei se, enfim, puder beijá-los
a remissão de todos meus pecados!

Amo as lindas covinhas do teu rosto
que nem a seda imita a maciez;
a pele aveludada, o traço nobre
como escultor jamais pensou ou fez!

Encanta-me, também, esse teu colo
que o mármore mais puro não imita;
coisa mais linda sei que não existe,
nem mais perfeita existe ou tão bonita!

O que mais quero em ti são os teus seios,
cujo perfume embriaga e me alucina;
são jóias raras, no teu corpo lindo,
depositadas pela mão divina!

Essa alminha, que tens, também adoro,
pois és, do lírio, o espelho mais fiel;
nada mais puro eu encontrei na terra,
nem mais bonito encontrarei no Céu!

Eu amo em ti a marca da bondade
que, nos teus gestos, posso vislumbrar;
no teu sorriso nobre, em teus acenos,
estrelas do meu céu, a cintilar!

O que fascina, em ti, é esse jeitinho
de não mentir, fingindo que me queres;
de acreditar no amor, dele descrendo,
como é comum entre as mulheres...

É bem fácil te amar, pois és perfeita
inspiração e Musa preferida;
difícil é, depois de conhecer-te,
outra mulher querer e amar em vida!

Mas este amor, deveras impossível,
ao tolo coração sempre maltrata:
doce tortura que ilumina a vida,
lento veneno que corrói e mata!

Se outra vida existir, talvez eu possa
transformar o meu sonho em realidade,
unir-me a ti e finalmente ter
o teu amor por toda a Eternidade...

Marcos Coutinho Loures, poeta mineiro

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