Um Prêmio Nobel para uma tese de estudante
Desde 1905, quando Albert Einstein publicou o trabalho que atribuía o efeito fotoelétrico ao bombardeio dos quanta de luz, aceitava-se a natureza dual da luz, que é a um só tempo onda e partícula. O que determina se a luz vai se apresentar como partícula ou como onda é a experiência conduzida pelo observador: incidindo sobre um metal, a luz comporta-se como partícula, deslocando elétrons e criando o efeito fotoelétrico; incidindo contra uma dupla fenda, a luz comporta-se como onda, ao passar pelas duas fendas e criar um efeito de claro-escuro num anteparo receptor.
Louis Victor Pierre Raymond de Broglie (1892-1987) era um nobre francês que tardiamente decidiu estudar Física. Sua tese de doutorado, de 1924, tornou-se a mais famosa de todos os tempos, contribuindo decisivamente para o desenvolvimento da Mecânica Quântica, ao postular que toda a matéria (e não apenas a luz) tem um comportamento ondulatório. Todas as partículas subatômicas, mesmo as dotadas de massa (prótons, elétrons e nêutrons), têm o comportamento dual dos fótons de luz, podendo assumir alternativamente a forma de ondas ou a forma de partículas. Esta hipótese foi mais tarde comprovada experimentalmente numa experiência em que se fez incidir um feixe de raios catódicos (elétrons) numa fenda dupla, observando-se no alvo de incidência do feixe uma figura de difração, típica dos fenômenos ondulatórios.
Na época em que concluiu o seu trabalho, não havia cursos formais de doutoramento na França, e Louis de Broglie procurou o físico Paul Langevin, que, tendo dúvida sobre a validade da tese, submeteu-a à apreciação de Albert Einstein. Segundo se afirma, o comentário de Einstein (“ele ergueu a ponta do grande véu”) teria facilitado em 25 de novembro de 1924 a aprovação da tese pela banca que outorgou o doutorado a Louis de Broglie, formada por Paul Langevin, o matemático Élie Catran, o cristalógrafo Charles Victor Mauguin e o físico Jean Perrin. Há quem afirme, porém, que o comentário de Einstein foi enviado a Paul Langevin em 13 de janeiro de 1925, depois que a tese foi aprovada.
Em 1929 Louis de Broglie recebeu o Prêmio Nobel de Física, “pela sua descoberta da natureza ondulatória dos elétrons.”
Portanto, Louis de Broglie ganhou o Prêmio Nobel de Física com uma tese de estudante, ele que inicialmente freqüentara aulas de direito e era formado em Letras, História e Ciências, destinado que estava à carreira diplomática.
sexta-feira, 27 de abril de 2007
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