segunda-feira, 16 de abril de 2007

DEMÔNIO DE LAPLACE

Pierre Simon de Laplace(1749-1827) foi um célebre matemático e astrônomo francês que se notabilizou por seus estudos sobre Equação Diferencial, Transformada de Laplace e Equação de Laplace, além de ter dado uma decisiva contribuição para o cálculo das probabilidades.
Juntamente com Joseph Lagrange, Leonhard Euler, Carl Gauss e outros matemáticos, Laplace muito contribuiu para o cálculo das órbitas planetárias e das posições dos astros. Entusiasmado com o que se obteve com a mecânica clássica, Laplace chegou a imaginar que o futuro poderia estar ao alcance das máquinas, conforme se depreende do seguinte texto, publicado no seu Ensaio Filosófico sobre as Probabilidades, de 1814:

“Devemos encarar o estado presente do Universo como o efeito do seu estado anterior e como a causa do estado que o sucederá. Uma inteligência que conhecesse, em dado instante, todas as forças que agissem sobre a Natureza, bem como as posições respectivas dos seres que compõem o Universo, e que fosse capacitada para submeter esses dados à análise, englobaria no mesmo processo os movimentos de todos os corpos existentes; para essa inteligência, nada seria incerto e o futuro, como o passado, estaria presente diante dos seus olhos.”

- E Deus, onde entra Deus nessa teoria?, perguntou-lhe Napoleão Bonaparte.
- Não preciso dessa hipótese, respondeu Laplace pretensiosamente.

A inteligência referida nesse texto é conhecida nos meios científicos como o Demônio de Laplace, e muitos o correlacionam com os supercomputadores. O Demônio de Laplace era , pois, onisciente e impotente, capaz de prever o futuro, mas sem poder nele intervir, já que todos os acontecimentos estariam pré-determinados. O Demônio de Laplace configurou uma crença exacerbada no determinismo, com relações de causas e efeitos consideradas diretas e exatas; a idéia entretanto não prosperou, sequer no âmbito da ficção científica, depois que a teoria da relatividade destruiu a premissa de espaço e tempo absolutos e a física quântica, com o princípio da indeterminação, vedou a possibilidade de conhecer com precisão a velocidade e a posição de um ponto no mundo subatômico, onde desabrocham, ao acaso, nuvens de probabilidades e tempestades algébricas.
Porque o mundo não é determinístico, mas quântico.

Nenhum comentário: