segunda-feira, 2 de julho de 2007

PRINCÍPIO DA BANALIDADE, SEDES E COQUITÉIS

PRINCÍPIO DA BANALIDADE

As tomadas de decisão nos órgãos colegiados foram estudadas por Cyril Northcote
Parkinson(1909-1993), aquele da Lei de Parkinson, cujo Princípio da Banalidade, alusivo a essa questão, tem o seguinte enunciado:

"O tempo despendido nas discussões de cada item de uma reunião diminui quando aumenta o custo monetário envolvido."

Em seu livro, Parkinson mostrou o comportamento de um órgão colegiado de uma instituição inglesa, que na mesma reunião discutiu a aquisição de um reator atômico, no valor de 10 milhões de dólares, a construção de um galpão para estacionamento de bicicletas dos operários, no valor de 2.350 dólares, e uma autorização para serviço de cafezinho, com custo de 4,75 dólares por mês.
Os dólares mencionados referem-se a 1957.
O tempo para decidir sobre o reator, cuja proposta estava instruída por estudos técnicos e pareceres diversos, foi de apenas 2,5 minutos, pois os encarregados da decisão entendiam pouco de reatores atômicos e de suas finalidades, não registrando a ata da reunião nenhum comentário sobre o projeto ou objeção a ele. Desse modo, o reator foi aprovado.
Por sua vez, o galpão das bicicletas tomou do colegiado o tempo de 45 minutos, uma vez que todos quiseram comentar os aspectos sociais envolvidos, as vantagens dos tetos de ferro galvanizado sobre os de alumínio, o tipo de pintura do galpão, os benefícios de pedalar para a saúde dos empregados e a possibilidade de surgir algum ciclista campeão, o que seria muito bom para a imagem da organização. O galpão foi igualmente aprovado.
O serviço de cafezinho, finalmente, provocou discussões exaustivas sobre a duração dos coffee breaks, os males e os benefícios do café, o custo do pó, o tipo de adoçante, a alternativa de servir chocolate, em vez de café, ou de servir ambos, café e chocolate, e outras questões correlatas, ficando a decisão adiada para a reunião seguinte, pois se solicitou à divisão de pessoal que acrescentasse informações que instruíssem a questão de forma adequada.

Sedes Suntuosas

Outro estudo de Parkinson refere-se às sedes das organizações, sendo certo que a perfeição da estrutura é alcançada somente quando a instituição considerada já se encontra em estado de decadência ou em estado de ociosidade.
A explicação é simples: durante o período de crescimento e expansão, não há tempo para se pensar em instalações perfeitas; o tempo para isso vem mais tarde, quando não houver mais trabalho importante a realizar.
De fato, o Vaticano e a Basílica de São Pedro foram concluídos quando o Papado já havia perdido boa parte do seu poder; o mesmo aconteceu com a Liga das Nações, que perdeu sua importância e até deixou de existir logo após a inauguração do Palácio das Nações, em 1938; o Palácio de Versailles, que vinha sendo construído desde 1669, foi inaugurado como sede da Monarquia Francesa em 1756, a apenas 33 anos da Revolução Francesa, que exterminou a dinastia dos Luíses e a própria monarquia; assim também, o Palácio de Buckingham passou a ser a residência de uma monarquia britânica ociosa na mesma ocasião em que esta cedia seu poder a um governo parlamentar, sendo importante acrescentar que o primeiro-ministro, que tem o poder político e administrativo na Inglaterra, habita uma residência aparentemente normal, situada na Downing Street, 10; a própria Inglaterra foi varrida da Índia após construir Nova Delhi, esplêndida na concepção, impressionante nos detalhes, magistral nos planos e impressionante na escala.
Ah, o Pentágono, em Arlington, na Virgínia, só ficou pronto na etapa final da II Guerra Mundial, quando já se havia concluído no mal-amanhado Edifício das Munições todo o planejamento militar dos americanos naquele conflito.


Coquitéis

Outra observação curiosa de Parkinson diz respeito ao comportamento das pessoas importantes nas festas e coquetéis. Elas chegam às reuniões entre 30 e 45 minutos após iniciada a festa, entram pelo lado esquerdo do salão, circulam-no no sentido dos ponteiros do relógio e se retiram uma hora antes do seu término.
São pessoas importantes, com efeito, as pessoas que se agrupam do lado esquerdo do salão, quase na sua parte final, 90 minutos a contar do início da festa.

Parkinson dá as explicações: a pessoa importante não entrará antes que haja um número de pessoas suficientemente grande para observar a sua chegada, nem depois que outras pessoas já se foram; o sentido horário é o sentido da correnteza humana, por ser o do lado do coração; essas pessoas retiram-se antes do fim da festa, algo como 60 minutos, para que a sua saída seja percebida por todos, pois querem muitas testemunhas que atestem a sua presença no evento.
Quem faz diferente não é importante.

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