sexta-feira, 22 de junho de 2007

COMO CESSOU O TRÁFICO DE ESCRAVOS PARA O BRASIL

BILL ABERDEEEN

Desde o início do século XIX os ingleses defendiam a extinção do tráfico internacional de escravos, sobretudo por causa da concorrência que o açúcar brasileiro fazia ao açúcar das Antilhas inglesas
, pois era usado para aquisição de negros africanos.
Em 1845, o Parlamento Britânico aprovou uma lei, o Bill Aberdeen, que dava à armada inglesa o poder de capturar navios negreiros em alto mar, qualquer que fosse sua nacionalidade, confiscar sua carga, prender a tripulação e submeter os tripulantes a julgamentos pelas leis britânicas.
Navios brasileiros suspeitos de tráfico negreiro passaram a ser interceptados em águas internacionais e levados a julgamento nos tribunais ingleses.
Essa política tornou-se mais agressiva em 1850, quando Lord Palmerston, ministro das relações exteriores do governo do primeiro-ministro John Russell, determinou que a Lei Aberdeen fosse estendida à costa brasileira, não mais se limitando às interceptações internacionais. A Inglaterra se auto-concedia o direito de invadir águas territoriais brasileiras, inspecionar e rebocar navios suspeitos, mesmos aqueles já ancorados nos portos brasileiros.

A armada britânica entrou em ação imediatamente, atuando nas costas da Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e, especialmente, no Porto de Paranaguá, onde o navio britânico HMS Cormorant aprisionou os navios brasileiros Dona Ana, Serea, Astro e a galera Campeadora.
Consta que o Cormorant foi hostilizado por um grupo de civis que acorreram à Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres, na Ilha do Mel, em Paranaguá, sem estarem informados de que o forte se encontrava abandonado. Mesmo assim, usando armas e petardos improvisados, conseguiram atingir e danificar o Cormorant, cuja tripulação, surpreendida, afundou dois dos navios que haviam sido aprisionados e fez o Cormorant retirar-se de águas brasileiras, com destino a Serra Leoa, na África.
A lei Eusébio de Queiroz, ainda no ano de 1850, foi uma conseqüência direta e quase imediata da radicalização dos ingleses, estabelecendo, pelo texto aprovado, o fim do tráfico de negros da África para o Brasil, sendo certo que alguns traficantes insistiram por algum tempo em atuar clandestinamente, até que houve a cessação total dessas atividades.

João Hermes Pereira de Araújo, em sua História da Diplomacia Brasileira, afirma que o Brasil importou:


em 1845: 19.453 escravos;

em 1846: 50.324;

em 1847: 56.172;

em 1848: 60.000;

em 1849: 54.000;

em 1850 (ano da Lei Eusébio de Queiroz): 23.000;

em 1851: 3.287; e

em 1852: 700.

A partir daí o cativeiro no Brasil ficaria limitado aos negros anteriormente escravizados, cuja libertação lamentavelmente ainda tardaria quase 40 anos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Se não fossem homens honrados com o sentimento de fraternidade a escravidão se arrastaria além dos 400 anos de vergonha que registramos na nossa historia.Por que o homem tem que errar tanto se é tão fácil agir com Amor?Até quando irá persistir esta indignidade, este preconceito que vivemos até hoje, em todo os cantos do Brasil de Norte ao Sul?Muito bom seu comentario.Sua lembrança desta vergonha!

Anônimo disse...

Não é justo que paguemos pelos erros de nossos antepassados. Estamos hoje na 4° ou 5° geração de descendentes de escravos/escravisadores. Não somos obrigados a pagar pelos erros do passado submetendo ao absurdo regime de quotas.