sexta-feira, 15 de junho de 2007

ORA, DIREIS, OUVIR ESTRELAS...

De que são feitas as estrelas?

Augusto Comte (1798-1857) manifestou em seu Curso de Filosofia Positiva a opinião de que nunca seríamos capazes de estudar a estrutura química e mineralógica das estrelas. Poderíamos conhecer, se tanto, seus movimentos, distâncias e características geométricas, como volume, forma e tamanho.
Em 1859, dois anos após a morte de Comte, os alemães Robert Bunsen e Gustav Kirchoff inventaram um instrumento que recebeu o nome de espectroscópio, capaz de decompor a luz proveniente das estrelas nas suas cores e projetá-las numa figura característica. A cada cor corresponde um comprimento de onda, sendo a luz da estrela uma mistura de muitas cores, isto é, de suas ondas de luz individuais.
O espectroscópio faz com a luz de qualquer estrela uma decomposição parecida com a decomposição da luz do Sol pelas gotas de chuva, no tão familiar fenômeno do arco-íris.

Cada estrela tem sua luz, e portanto o seu particular espectro de luz, que depende apenas da sua composição química. Como se fosse uma impressão digital ou um código de barras, que se chama de “linhas de Fraunhofer”; basta ter as linhas de Fraunhofer da estrela para conhecer inteiramente a sua constituição química e minerológica.


Isto é, podem ser obtidas de forma prática e até corriqueira as informações que Comte considerou fora do nosso alcance para sempre!

As estrelas estão a distâncias espetaculares, mas sua luz é a mensagem que nos enviam sobre sua composição química detalhada. Ficamos sabemos desse modo que elas são feitas dos mesmos materiais existentes na Terra. As linhas de Fraunhofer de uma estrela também nos informam sobre sua temperatura, pressão e tamanho.
Devemos notar, porém, que a espectrografia não se presta para conhecer a composição química, nem qualquer outro dado, da Lua ou dos planetas, que são astros iluminados e sem luz própria.


Como trazer ouro das estrelas


Sobre Kirchoff, conta-se que ele se tornou muito popular e conhecido, pois era o cientista que procurava metais nas estrelas. Certa vez
um vizinho debochado perguntou-lhe sobre a utilidade das suas pesquisas:

- De que vale procurar ouro no Sol, se você não vai conseguir trazê-lo para a Terra?

Gustav Robert Kirchoff (1824 - 1887) destacou-se em vários segmentos da Física, sobretudo no campo da eletricidade e dos estudos energéticos relacionados com as radiações do corpo negro.
Muitas vezes laureado pelas academias científicas, recebeu certa vez uma medalha de ouro como prêmio por uma das suas pesquisas.
Consta que Kirchoff procurou o vizinho petulante para mostrar-lhe a recompensa:


- Eis aqui o ouro das estrelas!

Um comentário:

Maria disse...

Mas não perdeste o senso...Aliás por aqui o que não falta é senso, mas não o comum !!! Sua prosa é sempre conjugada com pensamentos muito interessantes !!! Admiro sempre tudo o que leio neste espaço. Muitas vezes não sei mesmo o que comentar. Comecei a ler O Homem Horizontal. Obrigada !!! Beijo