Para Schopenhauer, a vida é um longo sonho ou, o que é equivalente, vida e sonho são páginas alternadas de um livro complicado. Olhei para o senhor que viajava a meu lado e vi que se tratava de Albert Einstein.
- Albert Einstein?
- Sim, respondeu o outro, passando-me um cartão com os seguintes dizeres:
Dúvidas? Sunset Society,
albert.einstein@ulm.com
albert.einstein@ulm.com
Quem diria... Eu, euzinho, numa viagem de Hong Kong para Paris! Primeira classe, aeromoças belas e gentis, bon jour, monsieur, voulez vous du vin? E Einstein, ali do lado, de cartão em punho, albert.einstein@ulm.com, para todas as dúvidas. Mas, que diabo seria Sunset Society?
Não me recordo de haver desembarcado em Paris, e sonho bom não deveria ser inconclusivo assim. Tomei um chope em Montmartre e dei um olé pelo Quartier Latin? Tomara que tenha topado com a Ludivine Sagnier, na entrada do Louvre, ou melhor, no Jardim de Luxemburgo. Para, enfim e cara a cara, depor-lhe a grande ambição da minha vida.
Sei perfeitamente como seria esse diálogo.
- Mas, afinal, que ambição é esta, Carlinhos?
- Nadar na tua piscina, Lu.
- Ça va.
Permaneci muito tempo deitado, relacionando o sonho extravagante com a odisseia que era encarar uma banca de doutores e depor-lhes uma aula sobre um assunto que me seria comunicado apenas na hora. A qual, se aprovada, implicava um doutorado, com direito a uma bolsa de cinco salários mínimos por mês, durante três anos. Eu me preparara exaustivamente e só temia que os nervos me atrapalhassem, quando a hora chegasse. Sonhar com Einstein na véspera da aula, ora direis!
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