sábado, 18 de setembro de 2010

ORIGEM DO UNIVERSO (VI)

Duvidar da ciência pode não ser bom...


A teoria do Big Bang faz uma descrição coerente da evolução do Universo, não restando nenhuma dúvida de que este teve um início quente e denso, começando sua carreira a partir de um volume infinitesimal, ou seja, a partir de um ponto.


- E as leis da Física, como ficam? Se matéria atrai matéria, como justificar a explosão?

- Esse ponto absoluto, quase metafórico, caracteriza o que os cientistas chamam de singularidade, um estado de gravitação infinita, onde falham as leis físicas conhecidas, incluindo a própria Teoria da Relatividade. É bom saber que, no mundo do infinitamente pequeno, além de não valer a Teoria da Relatividade, não vale o determinismo, não vale a nossa lógica, não vale sequer a nossa capacidade de observação. Desse modo, a singularidade está a exigir a criação de uma teoria da gravitação quântica, o que, aliás, mobiliza hoje centenas de físicos e cosmólogos de todo o mundo.

- Falta isso, é?


Via Láctea

- Há cem anos não sabíamos se havia outra galáxia, para além da Via Láctea; hoje sabemos que há pelo menos 100 bilhões de galáxias; achávamos que o Universo era estático e descobrimos que está em expansão; era tido como eterno e infinito e em verdade iniciou-se de um ponto absoluto há 13,7 bilhões de anos. Ou seja, a ciência progride em direção à verdade, por aproximações sucessivas, com ensaios e erros, não sendo impossível que venha a ser encontrada uma teoria de unificação que explique a singularidade do Big Bang.

- Duvido.


Duvidar da ciência pode não ser bom...

Lord Kelvin (1824-1907), nascido William Thomson, era um físico irlandês muito influente do século XIX, a ponto de ter recebido inúmeras homenagens oficiais na Inglaterra e de ter sido sepultado ao lado de Newton, na Abadia de Westminster. Uma honra que mereceu por mais de 300 trabalhos e importantes contribuições em praticamente todas as áreas da Física.

Lord Kelvin (William Thomson)

Kelvin ficou mais conhecido por seu trabalho em Termodinâmica. Antes o cientista Jacques Charles chegara, por seus cálculos e experiências, à conclusão de que todos os gases teriam volume igual a zero à temperatura de -273 graus Celsius. Kelvin percebeu, porém, que não era o volume da matéria que se anulava nessa temperatura e, sim, a energia cinética de suas moléculas. Concluiu que - 273 graus Celsius era a temperatura mais baixa possível e chamou-a de "zero absoluto". A partir dessa noção, propôs uma nova escala de temperaturas, que posteriormente recebeu o nome de escala Kelvin, com valores sempre iguais aos da escala de Celsius, acrescidos de 273. As chamadas temperaturas absolutas. A escala Kelvin permite maior simplicidade nas expressões matemáticas das relações entre grandezas termodinâmicas.

Escala de Celsius X Escala Kelvin (= temperatura absoluta)

Em famosa carta de 27 de abril de 1900, Lord Kelvin declarou oficialmente que a Física já descobrira praticamente tudo que havia para descobrir no Universo e que os físicos estariam daquela data em diante condenados a revisar o que já se fizera anteriormente.

- Pouco modesto...

- Pois é...

Falecido pouco depois, não teve o dissabor de ver o quanto tudo mudou em termos de conhecimentos físicos, com o advento da Física Quântica, da Relatividade Especial, da Relatividade Geral, do Modelo do Big Bang e a consequente nova Cosmologia.


- Duvidar da ciência pode não ser bom...


Ruim de Opiniões

Aliás, Lord Kelvin ficou famoso por suas gafes e previsões equivocadas. São dele as seguintes pérolas do ceticismo malsucedido, registradas na história da evolução científica e das invenções tecnológicas:

"Átomos não existem."


"Radioatividade é bobagem."


"O rádio não tem futuro."


"Os aviões são impossíveis, porque mais pesados que o ar."


"Os raios X vão se revelar um embuste."


"A Teoria da Evolução, de Darwin, é incompatível com a pouca idade da Terra."




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