Constatada a expansão do Universo, pela verificação do contínuo afastamento das galáxias, duas teorias dividiam os cosmólogos na segunda metade do século XX:
(a) Teoria do Big Bang, concebida pelo belga George Lemaître. Defende que o Universo teve um momento de criação e tem portanto uma idade finita. Uma explosão inicial determinou a expansão.
e
(b) Teoria do Universo Estacionário, proposta por Fred Hoyle, Hermann Bondi e Thomas Gold, o "Trio de Cambridge". Considera o Universo eterno, embora evolutivo, criando matéria para preencher os espaços entre as galáxias, que por isso se afastam. A expansão decorre de um crescimento espontâneo e contínuo, como o de uma bola de soprar cheia que recebe mais pressão.
Quando perguntavam a Fred Hoyle, como se podia explicar essa criação de matéria, ele respondia:
- O Universo, que pode muito, tem a propriedade de criar um átomo em cada século, no volume correspondente ao do edifício Empire State. Se isso de alguma forma incomodar os defensores do Big Bang, peço-lhes que expliquem o que determinou a explosão primordial e o que havia antes dela.
Foi Fred Hoyle quem cunhou a expressão "Big Bang". Em 1949 houve um debate na BBC entre Gamow, defendendo o átomo primordial de Lemaître, e Fred Hoyle, defendendo o Universo Estacionário. Foi quando Hoyle disse debochadamente:
- Meu adversário defende que o Universo foi criado num Big Bang (Grande Estouro).
O nome pegou, criado, ironicamente, pelo principal adversário da teoria.
Mais detalhes do Big Bang
Pela teoria do Big Bang, tudo começou pela explosão de um ponto extremamente denso e quente, o que fez surgir um Universo em expansão. O físico russo George Gamow e seus assistentes Ralph Alpher e Robert Herman defenderam que a explosão primordial encheu o Universo com uma radiação muito quente (milhões de graus Celsius, no iniciozinho da expansão do Universo), que acompanha o Universo eternidade adentro. Se fosse possível detectar de algum modo a radiação cósmica de fundo, prevista por Gamow, o Big Bang sairia vitorioso no embate com a Teoria do Universo Estacionário.
- Não se vislumbrava, porém, uma maneira de constatar a existência da radiação.
Outra contribuição importante à teoria do Big Bang ocorreu na década de 1940, quando Gamow, Alpher e Hermann conseguiram explicar, no âmbito de uma teoria chamada de nucleossíntese do Big Bang, por que o Universo é composto de 91 % de átomos de hidrogênio e 9 % de átomos de hélio (em massa, 75% de hidrogênio e 25% de hélio), sendo os outro elementos residuais.
Também em apoio do Big Bang, veio depois a Teoria do Universo Inflacionário, de Alan Guth, postulando que, no instante mais inicial do Universo, logo na explosão, uma misteriosa força de antigravidade fez o Universo se expandir de maneira inimaginável, numa velocidade muitas vezes maior do que a velocidade da luz.
- Se o Universo visível fosse do tamanho de um átomo, o Universo total seria maior do que o Universo visível.
- Caramba!
A Teoria do Big Ban baqueava, porém, perante seu ponto fraco: a idade do Universo. A velocidade de afastamento das galáxias fora estabelecida por Hubble em cerca de 171 quilômetros por segundo para cada milhão de anos-luz (558 quilômetros por segundo para cada megaparsec). Aplicando esse valor em direção ao passado, chegava-se, pelos cálculos, à conclusão de que o Universo teria começado sua existência e expansão há cerca de 1,8 bilhão de anos. Uma contradição com a afirmação dos geólogos de que a Terra tem 4,5 bilhões anos e, sobretudo, um argumento decisivo para os que defendiam um Universo estacionário, que sempre existiu e só se expande porque nela há criação de matéria.
- Como pode a Terra ser mais velha que o Universo?
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