sábado, 11 de setembro de 2010

A ORIGEM DO UNIVERSO (V)

BIG BANG E SUAS PROVAS

(1) O primeiro êxito da teoria do Big Bang veio em 1948, com a chamada nucleossíntese do Big Bang, uma teoria de George Gamow e Robert Alpher, que mostrou como se formaram os elementos naturais leves (principalmente hidrogênio, hélio, lítio e berílio)
, momentos após o Big Bang, em apenas cinco minutos. Pela teoria, o hidrogênio deveria responder por 75 % da massa do Universo e o hélio, 25%, sendo marginais as contribuições dos outros elementos naturais. Essas percentagens correspondem exatamente à participação dos dois elementos no Universo. Em 14 de abril de 1948, o Washington Post publicou matéria alusiva à coincidência dos cálculos da nucleossíntese do Big Bang com os números do Universo real, estampando a seguinte manchete:

"O MUNDO COMEÇOU EM CINCO MINUTOS"

(A nucleossíntese dos elementos pesados foi explicada posteriormente por Fred Hoyle: os elementos mais pesados, até o ferro, são cozidos nas estrelas.; os elementos mais pesados que o ferro são cozidos nas explosões de supernovas.)

(2) Em 1965 houve a constatação, por Penzias e Wilson, da existência da radiação cósmica de fundo, uma radiação resultante do Big Bang , hoje na temperatura de 2,7 graus absolutos, que continua circulando por todo o Universo, prevista por George Gamow, Ralph Alpher e Robert Herman em 1948.

Mapa do céu obtido pelo WMAP

(3) Em 2003 o satélite WMAP fotografou o Universo quando ainda um bebê de 380 mil anos de idade, há cerca de 13,5 bilhões de anos. O Universo, desde o Big Bang, tem 13,73 (mais ou menos 0,12) bilhões de anos.

- Mas o que havia antes do Big Bang?

-
Antes do Big Bang, não havia nada.

- Como, nada?

- Nada é nada mesmo, pois foi com o Big Bang que surgiram a matéria, o espaço e o tempo.

Mudança de Paradigma

Até o início do século XVII, ou seja, antes de Galileu, a ciência fazia-se quase sempre com submissão ao misticismo e aos textos sagrados. As respostas às questões deviam ser procuradas na Bíblia, nos documentos da Igreja ou nos textos ungidos de Aristóteles e São Tomás de Aquino. Caso neles não se achasse a resposta, a pergunta certamente não deveria ter sido formulada.
Com o telescópio, que soube aperfeiçoar e logo apontou para o firmamento, Galileu descobriu as luas de Júpiter, observou as fases de Vênus, as crateras da Lua e as manchas solares, tudo em desacordo com a visão aristotélica de que a Terra era imóvel e plantada no centro de um Universo perfeito. O filósofo Giulio Libri recusou-se a olhar pelo telescópio de Galileu, sob a alegação de que “isso é um instrumento da falsidade, que faz as coisas parecerem como não são.” As questões de Galileu com o Santo Ofício podem ter ido além da sua insistência na concepção heliocêntrica, haja vista que esta foi estabelecida por Copérnico, um clérigo, e que vários cardeais já a aceitavam naquele tempo. O problema real era deixar que a verdade fosse descoberta por um pensador e observador individual, e profano, que, para complicar, insistia em escrever em italiano, não em latim.

Luneta de Galileu

Pois a vulgarização dessas coisas só servia para abalar a fé das pessoas comuns. Acusado em 1633 de duvidar de que “Deus fixou a Terra sobre suas fundações, para que não se movesse nunca mais”, conforme está registrado na Bíblia, Galileu foi submetido a um longo julgamento pelo Santo Ofício, que o condenou ao silêncio e ao isolamento. Uma página negra, sem dúvida, mas com consequências importantes: o processo contra Galileu acabou ensejando um duro golpe no prestígio da Igreja.
Pois a ciência tornou-se independente e foi se afastando cada vez mais da religião, chegando a recusar a adesão desta ao Big Bang. Em 22 de novembro de 1951 o Papa Pio XII fez um discurso na Academia Pontífice de Ciência, no qual endossou o modelo cosmológico do Big Bang, comparando-o ao Fiat Lux do Gênese. Pelos seus líderes mais importantes, a comunidade científica simplesmente repudiou o apoio papal, enfatizando com determinação que modelos científicos nada têm a ver com concepções religiosas.

Ou seja, Galileu venceu a parada, ainda uma vez. Ele, que se tornou o mais conhecido dos cientistas, além de símbolo da luta contra o obscurantismo.

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