Numa fria madrugada de julho, eu curtia minha solidão sentado num banco da
pracinha de Muriaé. Ninguém, exceto eu. Uma Mercedes vermelha surgiu do lado da estação,
deslizando suavemente, e parou quase junto de mim. Era uma bela moça,
que dizia chamar-se Mariella Foscari e dirigia-se para Cataguases. Vivia uma emergência, pois saíra sem dinheiro e estava quase sem gasolina no carro.
- Não seja por isso, comentei, repassando-lhe cem reais e um cartão com meu endereço no Rio de Janeiro.
Um
mês depois, recebi uma carta contendo cem reais. Nenhuma palavra,
apenas “MF, Cataguases”, no verso do envelope. Perguntei sobre a moça ao
Pradinho, um amigo do vôlei de praia, que é de Cataguases.
-Mariella?
Morreu há quinze anos. Parou sua Mercedes na estrada, por falta de
gasolina, foi violentada e assassinada brutalmente.
- Morreu há quinze anos?
- Quinze anos. Corre a lenda de que a moça, isto é , o seu fantasma, atravessa as madrugadas pedindo dinheiro emprestado para comprar gasolina. Bizarro, não?
- Muito...
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