quarta-feira, 20 de abril de 2011

Adélia Prado

Amor Feinho



Eu quero amor feinho.

Amor feinho não olha um pro outro.

Uma vez encontrado é igual fé, não teologa mais.
Duro de forte, o amor feinho é magro, doido por sexo
e filhos tem os quantos haja.
Tudo que não fala, faz.

Planta beijo de três cores ao redor da casa e saudade roxa e branca, da comum e da dobrada.
Amor feinho é bom porque não fica velho.

Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:
eu sou homem e você é mulher.
Amor feinho não tem ilusão,
o que ele tem é esperança:

- Eu quero amor feinho.



Adélia Prado (13 de dezembro de 1935)

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