quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A IMAGEM DO UNIVERSO (13/n)

A TRAGÉDIA DE HIPÁCIA DE ALEXANDRIA

Hipácia (370- 415), filha do professor Theon, da Universidade de Alexandria, foi educada por seu pai para ser uma mulher perfeita.Tornou-se filósofa, matemática e astronôma, para além de ser considerada a maior oradora de seu tempo.

A bela Hipácia

A ela atribui-se a invenção do planisfério, um instrumento usado na Astronomia, e de um hidrômetro, usado na Física. Seu talento para ensinar Astronomia, Filosofia e Matemática atraía admiradores de todo o império romano, tanto pagãos como cristãos. Consta que era constantemente procurada por matemáticos de todo o mundo na busca da solução de problemas que não conseguiam resolver. Obcecada pela Matemática e pelo processo de demonstração lógica, exercia grande influência nos meios filosóficos alexandrinos, tentando unificar o pensamento matemático de Diofante com o neoplatonismo de Plotino.

- Pensar errado é melhor do que não pensar, afirmava Hipácia para seus alunos.

A ela assim se referiu Hesíquio, um de seus discípulos: "Hipácia, vestida com o manto dos filósofos, abria caminho pelas ruas de Alexandria, explicando a todos sobre Platão, sobre Aristóteles, sobre todos os filósofos. As autoridades sabiam da sua capacidade e a ela recorriam, com prioridade, para consultar sobre os problemas da administração."

Cônicas

Acredita-se que a obra de Hipácia tenha incluído importantes estudos sobre a Aritmética de Diofante, as Cônicas de Apolônio e o Almagesto, de Cláudio Ptolomeu. Nada, porém, chegou até nós, como consequência da destruição da biblioteca de Alexandria, no ano 642, pelos árabes do General Amr Ibn Al As, que conquistaram o Egito sob o comando do Califa Omar.

Tragédia

A devoção à ciência foi o motivo da trágica morte de Hipácia, pois Cirilo, o patriarca de Alexandria, começou a perseguir os seguidores de Platão, aos quais chamava de “hereges”, e colocou Hipácia no topo da lista de pessoas indesejáveis. Ela representava uma ameaça por defender a Ciência e o Neoplatonismo, para além de ser mulher, e muito bonita, o que exacerbava todos os ânimos e aumentava a intolerância contra ela. Numa época em que se procedia à marginalização das mulheres nas funções do poder, uma pagã assumia o símbolo da sabedoria e concorria com as autoridades religiosas da cidade.

-Como admitir que uma mulher pregasse em suas aulas que o Universo era regido por leis matemáticas?

Insuflados pelo patriarca, fanáticos tresloucados investiram contra a filósofa, no ano de 415, num dos episódios mais lamentáveis da história da humanidade, que foi assim descrito pelo historiador inglês Edward Gibbon:

"Num dia fatal, na estação sagrada de Cuaresma, Hipácia foi arrancada de sua carruagem, despida e arrastada nua para a igreja, onde foi desumanamente massacrada pelas mãos de Pedro, o Leitor, e sua tropa de fanáticos selvagens e impiedosos. A carne foi esfolada de seus ossos com ostras afiadas e seus membros, ainda palpitantes, foram atirados às chamas".

Hipácia (pintura de Charles William Mitchell)

A partir do episódio de Hipácia, Alexandria perderia o seu esplendor e o Ocidente iria mergulhar no obscurantismo e neste permanecer durante muitos séculos.

4 comentários:

cirandeira disse...

Que estória terrível essa de Hipácia! Sabia da tragicidade de sua morte, mas não conhecia os detalhes.Andei lendo, pesquisando alguma coisa para divulgar no blog e vc chega e me dá todos os detalhes...Você poderia me permitir usá-los? Estou começando a apresentar mais um blog:http://giramundo-pernalonga.blogspot.com Quando quiser, venha visitá-lo.Terei muito prazer.E obrigada por sua gentileza e atenção. Um abraço

Anônimo disse...

Nesta época a mulher não passava de mercadoria condenada ao cativeiro, e muitas não conseguiram fugir aos abusos de sua época, nesse particular.
Com o tempo procura-se levantar a mulher da condição de aviltada, confiando-a ao homem, na qualidade de mãe,irmã,esposa ou filha associadas aos seus destinos.
Mas ainda existe um vício abominável chamado preconceito.
Não poderia deixar de falar sobre Benazir Bhutto a primeira ministra do Pasquistão, primeira mulher a governar um país de maioria mulçumana na historia,mas assassinada brutalmente pelo fanatismo do seu povo, repetindo o ato vil como a morte de Hipácia.
Uma pergunta derradeira:
_Haveria o homem sem a mulher?

Remo Mannarino disse...

Resposta para Cirandeira:

Muito sucesso desejo para o Giramundo-Pernalonga, que visitarei com o maior prazer.
Disponha das informações sobre Hipácia e de outras do Homem Horizontal, onde você é sempre benvinda.
Um abraço carinhoso,
Remo.

Anônimo disse...

Desde a Alexandria até os nossos tempos, quem é a COMPLICADA?
Se a gente se insinua,é uma mulher atirada.
Se a gente fica na nossa, tá dando uma de difícil.
Se a gente aceita transar no inicio do relacionamento,é uma mulher fácil,
Se a gente não quer ainda, tá fazendo doce.
Se a gente põe limitações no namoro é autoritária,
Se concorda com o que ele diz, é tonta, sem opinião,
Se a mulher batalha por estudo e profissões é uma ambiciosa,
Se não tá nem aí pra isso é dondoca,
Se a gente adora conversar sobre política ou economia é feminista,
Se a mulher ganha menos que o homem tá querendo ser sustentada...
Se ganha mais está querendo humilhá-lo,
Se a gente adora roupas e cosméticos, é narcisista,
Se não gosta é sapatão, ou no mínimo desleixada,
Se sai mais cedo do trabalho é folgada,
Se sai mais tarde, dá dando pro chefe!
Se gosta de curtir é futil,
Se gosta de ler dá dando uma de intelectual,
Se a mulher que tem cinco filhos, é uma louca inconsciente,
Mas se só quer um é egoísta que não tem senso maternal,
Se a gente se aborrece com certas atitudes dele, é uma mulher dominadora,
Se aceita tudo que ele faz,é submissa
Se a mulher usa uma mini saia é vulgar,
Se a gente faz uma cena de ciúme certamente é neurótica,
Mas se não faz,não sabe defender seu amor,
Se a gente fala mais alto que ele,é uma descontrolada,
Se a gente fala mais baixo é subserviente,
PÔ.........
E depois ainda dizem eles que mulher é que é complicada!
Ainda bem que saiu:
A LEI MARIA DA PENHA!