Serendipidade
Serendip era um dos nomes da Taprobana, a ilha mencionada por Camões, que também já foi chamada de Ceilão e hoje é conhecida como Sri Lanka. De acordo com um conto oriental, três príncipes de Serendip, nos seus passeios pela ilha, fizeram importantes e inesperadas descobertas, das quais sempre tiravam proveito, graças à sua inteligência e sagacidade.
Essa a inspiração que levou o escritor e político inglês Horace Walpole a sugerir, em 1754, a palavra “serendipity”, para designar descobertas científicas felizes, mas acidentais.
Na serendipidade, aliam-se sorte, para fazer a descoberta inesperada, e competência, para reconhecer sua importância.
Exemplos de serendipidade
(1) O escocês Alexander Fleming fazia uma cultura de bactérias patogênicas e sobre esta caiu acidentalmente uma partícula de fungo “Penicillium notatum”, provocando a morte das bactérias. Estava descoberta a penicilina (1928).
(2) O engenheiro suíço George de Mestral viu sementes espinhosas em sua calça e teve a ideia de inventar o Velcro (1948).
(3) Os pesquisadores norte-americanos Arno Penzias e Robert Wilson, trabalhando a serviço dos Laboratórios Bell, ao calibrarem a antena gigantesca de um radiotelescópio destinado a ampliar os sinais a serem recebidos da estrela Cassiopeia A, perceberam um estranho ruído, vindo de todas as direções do céu e sempre com a mesma intensidade.
Um ruído sem causa.
Em vão procuraram defeitos em todos os componentes do radiotelescópio e de sua antena, chegando mesmo a se preocupar com as fezes (“material dielétrico branco”) depositadas na antena por um casal de pombos que nela se alojara. Na sequência desses eventos, e com o auxílio dos físicos teóricos da Universidade de Princeton, ficou provado que Penzias e Wilson haviam detectado o ruído do Big Bang, ou seja, o ruído da explosão primordial que deu origem ao Universo.
Esse ruído, que está atualmente na forma de rádio, no espectro conhecido como micro-ondas, acompanha o Universo eternidade adentro e tem o nome de “radiação cósmica de fundo em micro-ondas”(1964).
(4) O cientista e inventor norte-americano Arthur Fry tentava fabricar uma supercola e obteve, ao contrário, uma cola muito fraca, que só serviu para marcar as páginas do seu livro de hinos. Assim nasceram os adesivos do tipo "post-it" (1974).
(5) O Viagra, desenvolvido nos Estados Unidos para tratamento de problemas cardíacos, apresentou o inesperado efeito colateral de provocar ereções penianas, o que levou o grupo Pfizer a patenteá-lo para uso na disfunção erétil (1996).
domingo, 22 de fevereiro de 2009
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