sexta-feira, 17 de agosto de 2007

A MÁQUINA PODE PENSAR?

O QUINTETO DE CAMBRIDGE

Escrito em 1998, o livro inglês "O Quinteto de Cambridge" ("The Cambridge Quintet"), de John L. Casti, discute se é possível construir uma máquina capaz de pensar. Controvertida desde muitos anos, essa questão dá ensejo a um debate que requer considerações técnicas, lógicas, éticas e biológicas.

O autor recua a discussão a 1949, num jantar imaginário que reúne, para além do escritor e anfitrião Charles Percy Snow, quatro dos mais importantes pensadores do século XX, a saber, Alan Turing, Erwin Schrödinger, Ludwig Wittgenstein e John Bourdon Sanderson Haldane, todos europeus.
Os argumentos são apresentados desde o aperitivo até a sobremesa, um enredo débil para o exercício didático de temas complicados.
O livro se destina a apresentar os aspectos da questão a um público não instrumentalizado com conhecimentos científicos e que
ainda hoje talvez faça as perguntas que Alan Turing respondia em 1949.


Os comensais

C. P. Snow: escritor inglês de temas voltados para a ciência, ele próprio formado em Física, um defensor de que a falta de comunicação entre cientistas e humanistas muito dificulta a solução dos problemas do mundo. Costumava mencionar que enquanto a maioria dos cientistas nunca leu Charles Dickens, a maioria dos humanistas não conhece a Segunda Lei da Termodinâmica.

Alan Turing: matemático inglês que idealizou em 1936 uma máquina teórica, conhecida nos meios científicos como a máquina de Turing, que seria capaz de calcular indefinidamente, repetindo a mesma operação com números diferentes, até que se verificasse como resultado desses cálculos alguma condição a ser verificada. A máquina só poderia interromper seus cálculos se alguma dessas tentativas confirmasse ou refutasse conjecturas não demonstradas, como o Último Teorema de Fermat e a Conjectura de Golbach. Turing trabalhou para os aliados, como decifrador de códigos alemães no Projeto Colossus,
durante a Segunda Guerra Mundial, e após se engajou na construção dos primeiros computadores.

Erwin Schrödinger: físico austríaco que em 1926 criou a Mecânica Ondulatória, considerada uma das mais bem-sucedidas teorias da Física. Dedicou-se depois ao estudo da célula viva, publicando os clássicos “O Que É a Vida?” (1943) e “Mente e Memória” (1956).


Ludwig Wittgenstein: filósofo austríaco, autor de dois sistemas filosóficos ligados ao estudo da interdependência que existe entre a linguagem e a lógica, o Tratado Lógico-Filosófico (1921) e a Filosofia da Linguagem Ordinária (1953).


J. L. S. Haldane: biólogo e matemático inglês, que na década de 1930 se notabilizou pelos seus trabalhos relacionados com o gene humano e pela sua teoria sintética da evolução das espécies.

Todos contra Turing


No jantar imaginário, Turing é o centro das discussões, defendendo, contra os outros comensais, a tese de que no futuro seria possível construir a máquina de pensar, como os seres humanos. Para ele bastariam memória e programas adequados, pois os obstáculos são tão-somente tecnológicos, ou seja, uma questão de ciência e engenharia.
Para os outros, entretanto, essa máquina hipotética apenas faria a mímica do ser humano, pois, sem vida nem inteligência, seria incapaz de sensações, de informalidade e de comportamento lógico e social.

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