UMA FESTA DE MILIONÁRIOS
- A tudo assisti, quase na condição de penetra.
- De fato?
- Esqueceram de cancelar uma aula de Inglês que eu daria para o caçula da Valéria. Compareci, sem saber da festa, mas insistiram para que eu permanecesse.
- Você é um cara de sorte...
- Primeiro, um divertido torneio de mágicas, e até hoje não sei explicar como a dama de copas, picadinha, foi parar na bolsa da Maria Castegliani, toda reconstituída. Ângela Soares, no segundo evento, declamou uma poesia de Manoel de Barros:
- De fato?
- Esqueceram de cancelar uma aula de Inglês que eu daria para o caçula da Valéria. Compareci, sem saber da festa, mas insistiram para que eu permanecesse.
- Você é um cara de sorte...
- Primeiro, um divertido torneio de mágicas, e até hoje não sei explicar como a dama de copas, picadinha, foi parar na bolsa da Maria Castegliani, toda reconstituída. Ângela Soares, no segundo evento, declamou uma poesia de Manoel de Barros:
“Sou um sujeito cheio de recantos.
Os desvãos me constam.
Tem hora leio avencas.
Tem hora, Proust.
Ouço aves e beethovens.
Gosto de Bola-Sete e Charles Chaplin.
Os desvãos me constam.
Tem hora leio avencas.
Tem hora, Proust.
Ouço aves e beethovens.
Gosto de Bola-Sete e Charles Chaplin.
O dia vai morrer aberto em mim.”
- Essa poesia é de Manoel de Barros? Onde?
- No "Livro das ignorãnças". No evento final, os líricos Beniamino Prior e Katia Ricciarelli, que então visitavam
o Rio de Janeiro, cantaram, à capela, “Parigi, o cara, noi lasceremo”, do terceiro ato da Traviata.
- E então?
- Essas festas existem, e a gente não sabe...
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