sábado, 9 de março de 2013

LEMBRANÇAS DE UM PROFESSOR APOSENTADO




 

Um dia, quando soube que havia sido aprovado no vestibular, Joaquim não conteve a emoção e redigiu um texto categórico: 

“Sou agora um orgulhoso estudante de física. Não pretendo ser nenhum Faraday, Einstein ou Heisenberg, mas hei de honrar o padrão que tenho perseguido durante toda a minha vida. Quando estudante, quis ser um bom estudante;  com os amigos, bom amigo; e assim por diante, bom filho, bom vizinho, bom cidadão, bom eleitor. Não será diferente como físico, ou melhor, como professor de física. Tenho para mim que a comunhão do professor com os alunos só se completa quando sua aula desmoraliza todas as dúvidas. Não serei um despejador de fórmulas, pois, ao ensinar, é preciso saber a história, a geografia e, se for o caso, até a mitologia de cada assunto, sobrepujando-o e prevalecendo sobre ele.”

- Você cumpriu esses ideais?

- Parafraseando Graciliano Ramos, não sei se fui bem ou se fui mal. Sei apenas que poderia ter sido pior.
 

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