quarta-feira, 20 de março de 2013

NO TEMPO DAS DILIGÊNCIAS

BOLA DE SEBO


Guy de Maupassant foi autor de três centenas de contos, a seu tempo o autor mais lido em todo o mundo. Morreu com apenas quarenta e três anos, vitimado pela sífilis. Algumas de suas obras-primas são “O Colar de Esmeraldas”, “Mademoiselle Fifi”, “A Pensão Tellier” e, certamente, “Bola de Sebo”. 

Na carruagem francesa, uma prostituta, que atende pelo nome pejorativo de Bola de Sebo, é hostilizada pelos demais passageiros, que são senhoras e senhores burgueses, de muita hierarquia e nenhum valor. Em certo instante da viagem um oficial do exército invasor detém a carruagem e ameaça retê-la indefinidamente, a não ser que Bola de Sebo concorde em passar uma noite com ele. Isto não está nos planos da prostituta, que, entretanto, é pressionada a ceder àquele desígnio pelos demais passageiros, que nesse mister recorrem a expedientes de persuasão e hipocrisia. Após muito relutar, Bola de Sebo percebe que não tem saída, entrega-se ao comandante, que, uma vez atendido, autoriza o prosseguimento da viagem. Como se nada tivesse ocorrido, no restante do percurso os passageiros retomam a atitude superior e hostil, desprezando, como antes, a pecadora vulgar.

"Bola de Sebo" é o conto do trocadilho entre “Loiseau vole” e “l’oiseau vole”, que Maupassant construiu porque havia um Loiseau entre os passageiros. Pois em francês “voler” significa tanto voar como roubar.

- O senhor Loiseau rouba?

- Isso eu não sei, não, senhor. Eu apenas disse que o pássaro voa. 

"Bola de Sebo", na verdade uma lenda urbana, inspirou muitas narrativas, entre elas o filme "No Tempo das Diligências" (“Stagecoach”), de John Ford, de 1939, com John Wayne e Claire Trevor.

- Fez sucesso?

- Muito sucesso, como todos os filmes de John Ford. "Stagecoach" foi visto quarenta vezes por Orson Welles, que o considerou a síntese de todos os “westerns”.

 
 Claire Trevor
 

Um comentário:

Anônimo disse...
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