quarta-feira, 6 de junho de 2012

CONTOS DE 150 PALAVRAS (13)

MINHA CAMA, MINHA PÁTRIA

Uma noite de amor, cara pálida, vale por uma boa eternidade. Apoteose à primeira potência, apoteoses ao quadrado, apoteoses ao infinito, eis o enredo do amor, que é a melhor das capacidades humanas.

- Minha cama é pátria e testemunha.


Quanta obra-prima existe sobre mesas, pianos, luvas e outros variados objetos, tomados como metáforas do amor ou de sua ausência. Um texto de Rubem Braga exalta o guarda-chuva, com toda a justiça. Sobre cama, porém, só conheço a história do homem que, ao separar-se da mulher que o traía, doou-lhe tudo, menos a cama.


- Se a cama se fosse com ela, além da mulher, teria perdido a alma.


Uma mulher bonita, nua assim, deitada assim, magnífica assim, começa pelos olhos, continua nos lábios, alteia-se em montes soberbos, estende-se por vales insondáveis e acaba em... não acaba não, isso mesmo, uma mulher bonita não acaba nunca.


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