O lema de Ovídio “bene qui latuit bene vixit” - “vive bem quem bem se esconde ” - foi adotado por René Descartes (1596-1650), que por ele realmente se pautou, quando, no temor do Santo Ofício, viveu alguns anos escondido na Holanda.
Descartes apoiava as ideias heliocêntricas de Nicolau Copérnico, a Terra girando em torno do Sol, e sabia muito bem o que sucedera a Giordano Bruno, lançado à fogueira, em 1600, e a Galileu Galilei, condenado à prisão domiciliar e ao silêncio, em 1633. A Igreja não admitia que o homem, a criatura de Deus, fosse deslocado de seu sítio privilegiado, no centro do Universo, e passasse a orbitar mediocremente em torno do Sol.
Copérnico publicou sua teoria em 1543, mas a Igreja só a aceitaria em 1822, quase 300 anos depois.
O Discurso do Método
Descartes criou a geometria analítica, uma elegante combinação de álgebra com geometria, e foi um dos pioneiros da ótica, da hidrostática e da mecânica. Teve ainda destacada atuação na filosofia, publicando obras importantes, como “Meditações” e “Princípios da Filosofia”, ambas redigidas em Latim, além do “Discurso do Método” (“Discours de la Méthode”), sugerindo um procedimento que foi decisivo na evolução da ciência.
Geometria analítica
A geometria analítica foi criada por Descartes para ilustrar o procedimento estabelecido no “Discurso do Método”.
Protagonistas e beneficiários
Tudo bem. Merecemos todas as benesses, incluindo chinelos, automóveis, porta-retratos, copos, geladeiras, micro-ondas, parafusos, descascadores de batatas, telefones, relógios, cabides, ar refrigerado, liquidificadores, brilhantina, camisetas, aviões, computadores, galochas, canudinhos e escadas rolantes. Mas humildade não nos falte para reconhecer que talento não é apanágio ou exclusividade do século XXI, pois somos beneficiários, principalmente beneficiários, antes e mais que protagonistas.