Brasil e Portugal gostam de reformas ortográficas, e a que ora assoberba os povos lusófonos é a sexta, em menos de cem anos. Outras reformas, de maior ou menor profundidade, houve em 1911, em 1931, em 1945, em 1971 e em 1973. As quais são feitas por iniciativa ou com auxílio governamental, bastando obter a adesão de burocratas do Brasil e de Portugal, trazendo a reboque os de Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.
Cabo Verde
(a) Pela presente reforma, "paranoico" e "assembleia" (sem acento no "oi" e no "ei" tônicos), mas "herói" e "anéis" (com acento no "oi" e no "ei" tônicos).
(b) Pela presente reforma, "bocaiuva" , "feiura" e "Sauipe" (sem acento no "i" e "u" tônicos), mas "embaúba", "saída", “Piauí” e “Tuiuiú (com acento no "i" e "u" tônicos).
(c) Pela presente reforma, "micro-ondas" e "auto-organização" (com hífen) e "coordenar" e "cooperar" (sem hífen).
(d) Pela presente reforma, "sobre-humano" (com hífen), mas "subumano" (sem hífen).
(d) Pela presente reforma tornou-se facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar "forma" de "fôrma", como pode? Alguns verbos como "enxaguar" e "delinquir" também oferecem opção: se você quiser usar "enxáguo" e "delínquo", deixe o acento; mas, se for partidário do "enxagúo" e "delinqúo", retire o acento.
A derrota de Roosevelt
Em outros países, as iniciativas feitas para modificar o idioma usualmente malogram. Por exemplo, as tentativas de reformar o Inglês, tão cheio de problemas, vêm sendo malsucedidas desde o século XVII, com Charles Butler (1634), Samuel Johnson (1806), Isac Pitman (1837), Andrew Carnegie (1906), Bernard Shaw (1910) e H. G. Wells (1942).
Nem o presidente Theodore Roosevelt, com sua autoridade de intelectual e líder carismático, conseguiu bancar uma reforma desse tipo nos Estados Unidos. Em 11 de março de 1906, foi criado em Nova York “The Simplified Spelling Board”, um comitê para examinar os problemas da língua inglesa, integrado por vários intelectuais, entre os quais Samuel Clemens (o “Mark Twain”).
O Simplified Spelling Board constatou o óbvio: a língua inglesa é muito difícil de ler e de escrever, com prejuízo de todos os seus usuários e empecilho para a prosperidade da própria língua. Há nela uma pletora de incongruências, discrepâncias, irregularidades e inconsistências.
Seis exemplos
(a) palavras com letras sem função, como “e”, em “axe”, e “h”, em “ghost”.
(b) palavras grafadas esdruxulamente, como “enough”, que poderia ser “enuf”.
(c) por que “phantasy”, e não “fantasy”?
(d) fonemas e pronúncias na mais pura desordem. O grupo “ough” tem sons diferentes nas cinco palavras a seguir: through, though, thought, enough e cough. O grupo “augh” soa de modo diferente em daughter e laughter.
(f) Que dizer das diferenças entre o Inglês americano e o britânico? Cinco exemplos de palavras na versão americana e seu correspondente na versão inglesa:
honor e honour
center e centre
plow e plough
license e licence
theater e theatre
300 palavras
O Simplified Spelling Board organizou uma lista de 300 palavras que deveriam ser imediatamente escritas de maneira simplificada, ao passo que outras modificações haveriam de ser introduzidas no decorrer do tempo.
Essa iniciativa desonerava a língua, e alguns aceitaram a lista imediatamente, até mesmo algumas escolas.
Seu maior entusiasta foi Theodore Roosevelt, presidente dos Estados Unidos, que enviou uma carta ao United States Government Printing Office (Departamento de Imprensa do Governo), em 27 de agosto de 1906, ordenando que os documentos oficiais passassem a adotar a lista das 300 palavras modificadas.
Houve, porém, forte reação popular, pois os que aceitavam a simplificação eram na verdade minoria. Os jornais passaram a fazer piadas sobre a reforma, que foi rejeitada pelo Congresso em 13 de dezembro de 1906 e a seguir pela Suprema Corte dos Estados Unidos. A ideia de reformar a língua inglesa não morre, mas não prospera, havendo uma dezena de sistemas propostos, mofando nos esperadouros do esquecimento:
Alfabeto latino aumentado, de Benjamin Franklin.
Alfabeto não-latino da Igreja Mórmon
Alfabeto não-latino de George Bernard Shaw
Esquema de Regularização da Escrita, proposto pelo Conselho Literário Americano.
Plano do corte das letras supérfluas e redundantes
"Primeiro Passo", de um plano de reforma em 50 etapas.
Alfabeto latino aumentado uníssono
Reforma Ortográfica da Língua Inglesa (OR-E)
"Interspel", uma proposta de Valerie Yule, a ser introduzida por estágios.
"Plano bRitic", de Reginald Deans, que vem sendo defendido pelo Simple Spelling Board, visando a alcançar uma correspondência perfeita entre sons e fonemas.
O preço de uma reforma ortográfica
Sem falar no esforço para aprender novas regras e desenraizar regras antigas, cada reforma ortográfica é um golpe importante contra os livros pré-existentes, adquiridos após a reforma anterior, que se tornam obsoletos em face das modificações introduzidas.
Por estranho que seja, há aqueles, com poder de decisão, que acreditam que vale a pena pagarmos esse preço.
Fazer o quê, Estevinho?
Um comentário:
Escrever bem é cada vez mais importante, tanto nas relações de trabalho quanto nos contatos com os amigos.
Com este acordo ortográfico fechado entre os oito países que têm no português seu idioma oficial, este impacto desses ajustes na vida de todos nós, será para a unificação da ortografia oficial para aproximar as nações.
A existência de duas grafias oficiais acarretava problemas na redação de documentos em tratados internacionais e na publicação de obras de interesse público.
Como em Portugual se escrevia acto e húmido agora será eliminada estas diferenças:ato e umido
Haverá também a possibilidade de se ler autores portugueses como Fernando Pessoa, mais facilmente.
"A lingua foi reforçada no critério escrito, mas no critério dos sentidos nós vamos continuar utilizando expressões brasileiras que jamais serão utilizadas em Portugal.
A lingua é um códico sistemático normal, mas não é estático, é mutante, porque os contextos são livres.
No Brasil por seu turno, essas mudanças abrangem apenas o,5 por cento do total das palavras.
Segundo o embaixador Francisco Seixas da Costa, o governo está de acordo com a necessidade de se caminhar num processo de harmonização da ortografia.
ENXAGUO é o certo.
O Hinfen será regulado pelas mais complexas regras de toda a ortografia;o grande calcanhar de Aquiles, regras esquisitas quase desumanas que será agora subumanas, mas nada que um belo manual bem suscinto,objetivo, não resolva tanto para quem lê quanto para quem escreve.
Por isto o autor dos livros Hamlet e Macbeth nasceram e Muriaé, e o Homem Horizontal não ficará no passado,pela diversidade do conteúdo que só transmite para todos uma bela forma de narrar; pela competência deste bom escritor.
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