domingo, 11 de janeiro de 2009

A IMAGEM DO UNIVERSO (9/n)

PESQUISANDO SOBRE GREGOS

Anaxágoras de Clazômenas


Físico, matemático e astrônomo, Anaxágoras de Clazômenas (cerca 500- 428 a. C.), primeiro filósofo a morar em Atenas, opunha-se, a um só tempo, aos milésios, a Empédocles e a Parmênides. Para Anaxágoras não há essa coisa de um único elemento primordial, como não são primordiais os quatro elementos de Empédocles (água, ar, terra e fogo): o que entra na composição de tudo é um sem número de elementos de qualidades distintas, aos quais chamou de homeômeros, uns em maiores proporções, outros em proporções tão pequenas que nem são percebidas. A pluralidade das coisas resulta das infinitas combinações dos homeômeros.

Anáxagoras de Clazômenas

Segundo Anaxágoras, o Nous (uma força que se identifica com o espírito ou inteligência) atuou sobre uma mistura original formada por todos os homeômeros, separando-os e ensejando sua combinação, de maneira a formar todas as coisas. O Nous criou o movimento e a pluralidade.
Por ter negado a divindade do Sol ("apenas uma pedra incandescente") e da Lua ("uma miniatura da Terra"), explicando que os eclipses solares ocorriam por causa da passagem da Lua entre o Sol e a Terra, Anaxágoras foi acusado de heresia e fugiu para a Jônia (Lâmpsaco).
Sobre o episódio, Plutarco escreveria depois:

"Não se podia tolerar aqueles físicos, ou meteorólogos, como eram chamados, que punham em xeque a divindade, ao atribuírem tudo a forças e causas irrefletidas e destituídas de razão."

Melisso de Samos
Melisso

Pouco se sabe de Melisso de Samos, nascido em (cerca de) 490 a.C. Comandante da esquadra naval que derrotou os atenienses de Péricles (441 a. C.), foi militar, cientista e filósofo, sendo citado como grande defensor de Parmênides e continuador da escola eleática, em oposição a Pitágoras e Empédocles.
O ser é, sempre foi e sempre será. Não tem princípio nem fim, mas é infinito. Nada que tem princípio é eterno ou infinito:

"O ser é uno. Se o ser se dividisse, mover-se-ia; e, movendo-se, não poderia ser."

Seguindo o pensamento de Parmênides e de Zenão, Melisso defendia que não há movimento. O todo é imóvel, pois, se ele se movesse, forçosamente haveria o vazio; isso não é possível, pois o vazio não existe, na sua qualidade de não-ser.

Protágoras e Górgias

Protágoras (cerca de 483 - 410 a. C.) e Górgias (cerca de 485 - 378 a. C.) não são propriamente pré-socráticos, mas "sofistas", que viveram ao tempo de Sócrates. Sofistas ("sábios") eram, com efeito, os intelectuais dedicados a ensinar retórica e eloquência aos jovens da classe dirigente que pretendiam se dedicar à política. Pois aquele era um tempo de democracia, seguindo-se à vitória de Atenas sobre os persas, em 479 a. C. É nesse tempo que a filosofia começa a se afastar das investigações sobre a natureza e sobre o universo, para dedicar-se sobretudo às questões humanas.

Protágoras
Protágoras

Protágoras era amigo de Péricles, mas foi banido de Atenas, e teve suas obras queimadas em praça pública, depois de manifestar que não se pode afirmar que os deuses existem, nem que não existem. O homem é a medida de todas as coisas: daquelas coisas que são, pelo que são, daquelas que não são, pelo que não são, entendendo por medida a norma de juízo e por coisas os fatos em geral. O homem é o juiz de todos os fatos, pois dispõe da razão; mas existe uma diferença infinita entre homem e homem, e exatamente por isso as coisas parecem, e são de um jeito, para uma pessoa, e parecem, e são de outro jeito, para outra pessoa.

Górgias

Górgias

Nascido na Sicília, viajou por toda a Grécia, onde fez grande sucesso como professor, acumulou fortuna e conquistou uma legião de adeptos e seguidores. No tratado do não-ser, Górgias estabeleceu três princípios encadeados:

(1) nada existe;
(2) mesmo que algo existisse, não poderia ser pensado, porque incompreensível;
(3) se, não obstante, algo existisse e pudesse ser pensado, não poderia ser explicado.

Lógico por excelência e grande pensador, Górgias encantava pelo discurso mágico, cheio de poesia e estilo.

Arquitas de Tarento

Arquitas de Tarento (cerca de 400-365 a. C.)
, o mais ilustre dos matemáticos pitagóricos, teve grande influência sobre Euclides, foi discípulo de Filolau e amigo de Platão, sendo considerado o pai da mecânica e o primeiro a usar o cubo em geometria.

Arquitas

Arquitas fazia a apologia da aritmética:


"Parece que a aritmética, em relação à sabedoria, é bem superior às demais artes, até mesmo superior à geometria, pois expõe seus temas de maneira mais clara."

As explicações que Arquitas dá para a média aritmética e a média geométrica podem constar de qualquer livro atual de estatística:

"Quando três termos têm magnitudes de maneira que o primeiro excede o segundo tanto quanto o segundo excede o terceiro, o segundo será a média aritmética dos três e nessa conformidade acontece que é menor a razão dos termos maiores e maior a dos menores.
De três termos, o segundo será a média geométrica quando o primeiro está para o segundo tal qual o segundo para o terceiro, sendo a razão dos maiores termos igual à razão dos menores."

Tarento (vermelho)

Arquitas defendia o estudo, a investigação e a pesquisa:

"Deve-se, aprendendo de outro, ou por investigação própria, tornar-se conhecedor do que não se conhece. O que é aprendido vem de outro e por auxílio alheio; o que é investigado vem da própria pessoa e por auxílio próprio; encontrar sem procurar é difícil e raro, mas, procurando, é acessível e fácil."

Um comentário:

cirandeira disse...

Olá Remo, a sua "Imagem pelo Universo" é, na realidade uma viagem através das Escolas Filosóficas e, nos remete a uma reflexão mais profunda sobre a diversidade das ideias e pontos de vista que adotamos em nossa sociedade.Nos estimula a considerar
o quanto é importante conhecermos e
respeitarmos o outro, sem ideias preconcebidas, tentando ver a contribuição que todos tem a dar neste Universo tão complexo, com tantas coisas ainda por se conhecer.sabemos tão pouco ainda!Estamos apenas "engatinhando",como
disse Einstein!