Não é pelas circunstâncias que o mitômano se deixa apanhar. Estevinho recordava-se do Osric, advogado que se dizia amigo de Gabriel García Márquez.
- Conheci Gabriel García Márquez em Nova York, em 1962. Reunia-me com ele e sua mulher, a Mercedes, nos bares do Central Parque, onde bebíamos uísque com soda e conversávamos sobre literatura. Naqueles tempos, Gabito, era assim que o chamávamos, estava muito entusiasmado com a carreira do romance “Ninguém Escreve ao Coronel” e certa vez me mostrou os originais da primeira parte dos “Cem Anos de Solidão”.
Um dia Estevinho decidiu conferir, na Biblioteca Nacional. Na mosca, pois García Márquez, de fato, é tratado pelo amigos como Gabito, morava em Nova York em 1962 e publicou “Ninguém Escreve ao Coronel” em 1961.
A História me absolverá
Relatado a Estevinho pelo Comodoro Osmar Vilhena, havia também o caso de um jornalista que participou como voluntário da Invasão da Normandia, na condição de soldado das forças anglo-canadenses. Ele, o jornalista, contava a façanha emocionadamente, mostrando a cicatriz da perna, tributo que pagava pela aventura. Seu desembarque na Normandia se deu na praia de "Sword", no dia 6 de junho de 1944. Ficava comovido e ia às lágrimas quando mencionava o abraço que recebeu do Ike.
- Ike?
- Assim chamávamos o Eisenhower.
Não se restringindo à Normandia, o jornalista esteve depois no ataque ao quartel de Moncada, em Cuba, em 1953. O movimento, liderado por Fidel Castro, fracassou porque os guerrilheiros não conheciam a cidade e assaltaram o quartel errado.
- Erramos o endereço. Fui preso e condenado junto com Fidel Castro, mas anistiado em 1955. A História também me absolverá.
Na mosca, também
A Invasão da Normandia iniciou-se de fato em 6 de junho de 1944, o Dia D, e uma das quatro praias invadidas tinha "Sword" como codinome. E, mais, Fidel Castro liderou o fracassado ataque a Moncada, na cidade de Santiago de Cuba, em 26 de julho de 1953, foi preso e condenado a vinte anos de prisão, tendo sido anistiado em 1955.
Sabe-se que perante o Tribunal de Exceção do governo de Fulgêncio Batista, por ocasião do julgamento a que foi submetido, Fidel Castro defendeu-se com um longo discurso, encerrado com as seguintes palavras:
- Condenai-me, não importa, a História me absolverá!
Sinatra
Em 1969, Henrique decidiu assistir no Astrodome Houston a um espetáculo em homenagem aos astronautas da Apollo 11. Acomodado na platéia, surpreendeu-se ao ver a seu lado ninguém menos que Frank Sinatra e puxou conversa com o astro:
- Gosto de todas as suas músicas, querido "Old Blue Eyes", mas minha preferida é "My Way".
Frank Sinatra convidou Henrique para subir com ele ao palco. Foi desse modo que Frank Sinatra e o aposentado de Copacabana cantaram "My Way", em duo, para um entusiasmado público de mais de 200 mil pessoas.
Agora, todos os sábados os moradores da Rua Domingos Ferreira são brindados com um show musical espetacular. Ouve-se a voz do cantor Frank Sinatra pelo alto-falante, enquanto, à janela do apartamento, Henrique reconstitui a parceria do Astrodome, cantando paralelamente, a plenos pulmões, a imortal canção "My Way":
I 've loved,
I 've laughed and cried,
I 've had my fill, my share of losing
and now as tears subside
I find it all so amusing
to think I did all that
and may I say not in a shy way.
Oh no, oh no not me
I did it my way.
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