domingo, 23 de novembro de 2008

IMAGEM DO UNIVERSO(5/n)

O mundo de Anaximandro


Anaximandro (cerca de 610 - 547 a. C.), discípulo e sucessor de Tales de Mileto, político, matemático, geógrafo e astrônomo, foi o introdutor do relógio do sol na Grécia e descobridor do ângulo formado pelo plano da eclíptica e o plano do equador celeste. Anaximandro chegou a calcular a magnitude das estrelas e a distância entre elas. Fundador da cartografia, foi dele o primeiro mapa do mundo habitado, desenhado numa tábua. No seu entendimento, os animais, gerados a partir da água evaporada do Sol, perderam sua umidade ao se afastarem para as partes secas. Achava ainda que, na sua origem, os seres humanos se confundiam com os peixes.

Superfície habitada

Sua contribuição mais importante foi, porém, um modelo de Universo de características mecânicas, a primeira formulação desse tipo na Astronomia. Segundo Anaximandro, a Terra teria a forma de um cilindro cuja parte superior seria a região habitada, sendo de um terço a razão entre a altura do cilindro e o diâmetro da base. A Terra estaria no centro do cosmo, sendo envolvida pelo ar e pelas nuvens, não repousando em cima de nada, pois está onde está por seu próprio equilibrio, "dada a equivalência de suas distâncias em relação a tudo".

Muito além dessa região, o que havia era fogo, dela separado por uma roda que circundava a Terra e girava a seu redor, com furos que permitiam que a luz do fogo a iluminasse. Um destes furos seria o Sol, outro, a Lua, e cada estrela, um furo menor. Eclipses eram devidos ao bloqueio parcial ou total do furo.
no modelo de Anaximandro, pode-se reconhecer a utilização da geometria - círculo, cilindro, diâmetro, base, altura. Como também uma explicação racional para os fenômenos: o fogo externo, que explica a iluminação terrestre; a roda que se movimenta, levando e trazendo o Sol, para justificar o dia e a noite; a vedação dos furos, para explicar os eclipses.

Xenófanes de Colofon

Xenófanes

Xenófanes (cerca de 570 a.C.- 460 a.C.), filósofo que viveu ao tempo de Pitágoras, era contestador e de vida errante, ele que sempre se expressou por meio de versos.
Nascido em Colofon, na Jônia, passou parte da sua vida na Sicília.
O historiador e biógrafo Diógenes Laércio afirmava que Xenófanes tinha grande admiração por Tales, por sua capacidade de prever eclipses solares. Seus versos falavam de religião, amor, vinho, flores, esportes, mas também faziam críticas à mentalidade vulgar e aos deuses do Olimpo.
De Xenófanes restaram apenas fragmentos, uma centena de versos.
Alguns deles enfatizam a conduta:

“Não é excesso beber se consegues voltar a casa sem guia
e se não fores idoso. É de louvar-se o homem que,
bebendo, revela atos nobres, como a memória que tem
e o desejo de virtude, sem falar nada de titãs, nem de gigantes,
nem de centauros, ficções criadas pelos antigos,
ou de lutas civis violentas, nas quais nada há de útil.”

Outros versos são verdadeiras teorias físicas:

"O mar é a fonte da água, a fonte do vento;
pois, sem o grande mar, nas nuvens não
haveria a força do vento que sopra para
fora, nem as correntes dos rios, nem
a água chuvosa do éter. É o grande mar
que engendra as nuvens, ventos e rios."

Alguns versos se caracterizam pela oposição ao antropomorfismo:

“ Se os bois, os cavalos e os leões tivessem mãos e pudessem com elas desenhar e criar obras como fazem os homens, desenhariam bois semelhantes a bois, cavalos semelhantes a cavalos, leões semelhantes a leões, e deuses semelhantes a bois, cavalos e leões.”

“- Os egípcios dizem que os deuses têm nariz chato e são negros;
os trácios, que têm olhos verdes e cabelos louros.”

Xenófanes também se opõe aos deuses concebidos por Homero e Hesíodo:

“ - Homero e Hesíodo tudo aos deuses atribuíram,
até mesmo o que entre os homens merece repulsa
e censura, como roubo, adultério e fraude recíproca.”


E o mundo de Xenófanes?

Para ele, tudo vem da terra e na terra tudo termina; terra e água constituem tudo quanto é e pode crescer; todos nascemos da terra e da água.
É natural que, com essas idéias, Xenófanes tenha do mundo uma idéia que não recorre a deuses nem a mecanismos e processos sobrenaturais.
De fato, seu modelo de mundo comporta apenas processos físicos.
A Terra libera gases que se acumulam durante toda a noite, a qual termina quando, atingida uma massa crítica, os gases se incendeiam fazendo surgir o Sol. A noite se inicia novamente quando o gás se queima quase completamente, o que faz extinguir o Sol, restando as centelhas que chamamos de estrelas.


A Lua é explicada de maneira semelhante, num processo em que o ciclo de 24 horas é substituído pelo de 28 dias.

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