Quem, sozinho no mundo, poderia fabricar seus próprios chinelos, a camisa, a vara de pescar e a pulseira, bolar o crivo de Eratóstenes e obter a luz polarizada? Quem poderia plantar trigo, tanger os bois, pensar as feridas, construir teatros, calcular juros compostos, varrer a sala, decifrar hieróglifos, pedir vistas, tirar fotografia, calcular o logaritmo neperiano de 118, enunciar a constante de Planck, compor uma sinfonia de Mahler, acompanhar as fases da Lua, extrair raízes quadradas, comentar partidas de tênis, matar baratas, calibrar galvanômetros, registrar os fatos econômicos em partidas dobradas, estudar tabuada, temperar a feijoada, saber o que é zigoto, monera e esclerótica e, além disso, ler Tolstói e Guimarães Rosa, aplicar na Bolsa, assoar o nariz, receber aluguéis, cantar boleros, visitar Nova Orleans e ser dono de uma franquia dos correios?
- Ninguém. Nem me importa se estou enguiçado na estrada, sendo aplaudido em Curitiba, almoçando em Cascais ou, enfim, mofando nesta prisão que nem sei onde fica.
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