LIÇÕES DE ELISA
No meio da noite, percebi que havia uma mulher deitada a meu lado, linda e pura como uma manhã de primavera. Como descobriu minha cama é para mim um fino mistério. Achei que devia dizer alguma coisa e, lembrando-me da Elisa, fiz o comentário de que amar foi minha ruína.
-Amar foi sua ruína?
-Ruína e humilhação. Minha amada me trocou por um saxofonista. Fosse talvez um otorrinolaringologista ou um artista de televisão... Mas, um saxofonista!
-Tudo muito claro.
-Claro, como?
-Machismo.
Calei-me, sem entender, e voltei a dormir. Quando acordei pela manhã, não havia ninguém a meu lado. Deve ter sido um sonho, ninguém precisa me advertir sobre essa possibilidade. Pois eu também acho isso. Difícil, porém, será explicar o bilhete que encontrei ao lado da cama:
“É machismo não aceitar que a mulher faça suas escolhas.”
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