Estrangeiro de si próprio
Uma semana depois May me ligou novamente, sempre com boas iniciativas.
- Já tenho os ingressos.
- Mas qual o filme?
- Isso também é importante. O Estrangeiro, baseado num romance de Albert Camus.
Nota dez para a May, outra vez. O senhor Meursault decide ir ao enterro da mãe, cuja idade desconhece. Sei lá, sessenta anos. Encontra-se depois com Marie Cardona e vê um filme de Fernandel; Mersault se relaciona com um vizinho, Salamano, que tem um cachorro nojento; e com outro, Raymond Sintès, que é cafetão e tem o hábito de espancar a mulher até o sangramento.
No domingo, Meursault, Marie Cardona e Raymond Sintès vão para a casa de praia de Masson, um amigo de Raymond. Dois árabes atacam Raymond na praia, pois querem vingar-se da surra que deu na prostituta. São repelidos por Raymond e Masson, que, a seguir, voltam para casa. Meursault passeia pela praia sozinho e avista um dos árabes, que exibe a faca, mas sem nenhuma atitude agressiva. Era só Meursault voltar também para casa, e tudo estaria terminado. Mas havia o sol na cara. Mersault atira, e o árabe tomba, fulminado. Depois atira mais quatro vezes contra o corpo inerte do homem caído. O advogado, o juiz e o promotor tentam entender o gesto de Mersault, que, de fato, nunca se arrepende de nada porque é dominado pelo que vai acontecer.
- Eu matei o árabe por causa do sol.
O capelão insiste em falar com o senhor Meursault, pois precisa conquistar sua alma de condenado à morte.
- Deus irá ajudá-lo, Meursault.
- Não quero que ninguém me ajude, e me falta tempo para me interessar pelo que não me interessa.
Uma obra de Camus, mostrando, numa reflexão sobre o absurdo, um homem que se estranha, estrangeiro de si próprio.
- Muito esquisito.
- Bota esquisito nisso, Carlinhos.
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
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