sábado, 6 de julho de 2013

O DISCURSO DO ALUCINADO




 
- Quais são as suas capacidades?

- Maldo, escarneço, degringolo, hiperbolizo, descuro, prevarico, infernizo e obscureço, sem que ninguém se dê conta da iniquidade que represento. Tergiverso, ocultamente, e como! Posso rir de todos os discursos sobre o método, extrair a raiz cúbica do infinito, iluminar buracos negros e consolar girafas escandalizadas, eis alguns dos meus mais frequentes e divertidos passatempos. 

- Tudo isso?

- Posso evitar o assassinato de Lincoln, impedir o terremoto de Lisboa, apagar o incêndio de Roma, absolver Giordano Bruno e Galileu Galilei, decidir sobre o Santo Graal, conferir os cálculos de Eratóstenes e reabrir a Academia de Platão, dela excluindo os que não saibam matemática, e somente estes.
- Que mais, isso mesmo, que mais?
- Sou capaz de conversar com Cervantes, conter os arroubos de Napoleão ou salvá-lo de Waterloo, dar ouvidos a Beethoven, atirar longe a cicuta de Sócrates e comprar trigais diretamente de Van Gogh. 

- De Van Gogh?

- Uma pechincha, senhores, uma pechincha!

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