Outra equação no túmulo
Até o início do século XX os físicos dividiam-se em duas correntes: os mecanicistas, que acreditavam ser possível explicar os fenômenos dos sistemas pelos movimentos dos átomos e moléculas, impondo à natureza um comportamento estatístico, e os energistas, que defendiam serem os fenômenos uma consequência das trocas de energia. Para estes últimos, os átomos não tinham existência real.
Os físicos não se entendiam
Ludwig Boltzmann (1844-1906) , que foi professor das universidades de Graz, Viena, Munique e Leipzig, tornou-se o mais ativo mecanicista, insistindo em explicar os fenômenos macroscópicos (pressão, temperatura etc) pelas interações entre átomos e moléculas, no seu constante movimento. A maioria dos físicos, até mesmo Ernest Mach e Wilhelm Ostwald, que eram seus colegas de universidade, rejeitavam essa concepção, sem querer aceitar a existência real dos átomos e moléculas. Ernest Mach escreveu:
- Os átomos são objetos do pensamento e não podem ser percebidos pelos sentidos. Só existem como metáfora.
Vieram, porém, os químicos...
Boltzmann manteve uma interminável disputa com o editor da publicação científica mais importante da Alemanha, que não admitia nos textos a serem publicados a consideração de átomos e moléculas como entidades reais, senão como constructos mentais e criação da matemática pura. Teve, porém, o apoio de Maxwell, na Escócia, e de Gibbs, nos Estados Unidos, e de grande parte dos químicos, que a esta altura já estavam cientes da teoria atômica de John Dalton (1766-1844), que era um químico experimentalista, concebida nos primeiros anos do século XIX, cuja pode ser consubstanciada nas seguintes afirmativas:
Os átomos são partículas reais, que se compõem para constituir a matéria, permanecendo inalterados nas reações químicas;
Os átomos de um mesmo elementos são iguais e de mesmo peso;
Os átomos de elementos diferentes são diferentes entre si;
Os átomos integram os compostos segundo proporções numéricas fixas; e
O peso de um composto é igual à soma dos pesos dos átomos dos elementos que o constituem.
A entropia é o logaritmo do caos
Em 1906, quando passava férias na Baía de Druino, perto de Trieste, Boltzmann se enforcou. Não se sabe se as acirradas disputas científicas que ainda o acompanhavam pesaram para esse trágico desfecho, sendo certo, porém, que Boltzmann tinha uma natureza muito depressiva.
Boltzmann definiu a entropia de forma geral e inequívoca em termos mecânicos, a partir da teoria cinética dos gases. No túmulo de Boltzmann, no Cemitério Central de Viena, encontra-se gravada a equação correspondente às suas idéias:
S = k log W
S é a "entropia" e W, uma medida do caos do sistema, sendo k a constante de Boltzmann. Ou seja, a fórmula de Boltzmann relaciona entropia e caos. Sua teoria foi definitivamente aceita pouco depois de sua morte, quando medidas de J. Perrin, em 1908, mostraram o movimento dos átomos e moléculas.
sábado, 27 de fevereiro de 2010
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