Quem é Al Pacino?
Sou um vitorioso de Wall Street. Ninguém entende mais do que eu de ações e de Índice Filadélfia de Semicondutores, nem de Nasdaq, mercado futuro, margens, opções e derivativos. Adivinhei que a Cisco e a Juniper iriam dar a grande virada e por isso, só por isso, acabo de ganhar doze milhões e trezentos e dezessete mil dólares, em menos de 24 horas. Em menos de 24 horas, senhoras e senhores!
- Show me the money! Show me the real money!
Saio da Bolsa de Nova York e caminho, quase no automático, até o 696 da Madison Square, o restaurante Nello. Gostaria de ver a cara da Glorinha, se me visse agora, ela que me trocou pelo otorrinolaringologista. Acomodo-me na mesa mais discreta e peço ao maître que ofereça vinho e destilados aos demais clientes do restaurante. Gosto de sentir a alegria inocente do povo.
- Oferecer, como?
- Ofereça, senhor, ofereça.
- Até para Al Pacino?, indaga-me o maître, apreensivamente, mas cheio de curiosidade.
- Não sei quem é Al Pacino, respondo, mas pode servir à vontade.
Os clientes percebem que sou um ganhador. Dinheiro para esse cara é artigo abundante, como areia na praia. Caminhões e caminhões de areia, da grossa. Enquanto uns optam pelo Lafite Rothschild 1982, outros pedem o Chateau Margaux 1995. Será que a Glorinha toma vinhos, assim, de responsabilidade?
- São vinhos de mais de mil dólares a garrafa, observa o maître.
- Sirva a dezessete graus Celsius, por favor.
-Dezessete graus Celsius?
- Sim, equivalentes a pouco mais de 62 graus Fahrenheit.
Todos me olham perplexos e agradecidos, mas não lhes dou atenção.
- E para o senhor?
- Peito de frango grelhado, legumes na água e sal e uma garrafa de água mineral, sem gás. De sobremesa, uma fatia de mamão bem maduro. Sim, papaia, sim, sim.
Terminada a refeição, assino um cheque em branco.
- Preencha-o no valor da conta, acrescentando-lhe uma gorjeta de vinte mil dólares.
- Vinte mil dólares? Nem o Rockfeller dá gorjetas assim...
- Rockfeller, só conheci um, o John, que tinha o péssimo hábito de discutir a conta do almoço com o garçom. O problema dele foi a Lei Shermann. Pobre John...
- Sim, senhor.
- Tenho a lei a meu lado e não me humilho com ridicularias.
Antes de sair, sou efusivamente cumprimentado por Alberto de Mônaco, que é ruim de mulher e sempre paquera por aqui, e dou um autógrafo para Julia Roberts, que, se não me engano, faz tudo por dinheiro. Menos beijar na boca...
Isso aqui já foi mais discreto. É sempre assim... a populaça vai se assenhoreando de tudo, de modo que é inútil e até despiciendo exigir discrição e privacidade.
- Se tivesse me trocado por um aspirante a oficial, vá lá, mas um otorrinolaringologista!
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Queria tanto estar lá pra degustar
o bouquet daqueles vinhos...
Adoro vinho, principalmente de mil dólares! rrrsss
Abs
E ela nem viu você pedir isto no Nello
http://www.youtube.com/watch?v=S6hmMXiyFso
dai ela teria se arrependido.
Postar um comentário