sexta-feira, 8 de novembro de 2013

O SOFISTA MAIS POPULAR


           PROTÁGORAS

            Protágoras (483 a. C. - 410 a. C.) é o mais conhecido dos sofistas, a classe de intelectuais que ao tempo de Sócrates se dedicavam a ensinar retórica e eloquência aos jovens atenienses que pretendiam dedicar-se à política. Pois aquele era um tempo de democracia, seguindo-se à vitória de Atenas sobre os persas, em 479 a. C. É nessa época que a filosofia começa a se afastar das investigações sobre a natureza e sobre o universo, para dedicar-se preferencialmente às questões humanas. Dizia ele que o homem é a medida de todas as coisas: daquelas coisas que são, pelo que são, e daquelas que não são, pelo que não são, entendendo por medida a norma de juízo e entendendo por coisas, os fatos em geral. O homem é o juiz de todos os fatos, pois dispõe da razão; mas existe uma diferença infinita entre homem e homem, e exatamente por isso as coisas parecem, e são de um jeito, para uma pessoa, e parecem, e são de outro jeito, para outra pessoa.

 
            Protágoras era amigo de Péricles, mas foi banido de Atenas, e teve suas obras queimadas em praça pública, depois de manifestar que não se pode afirmar que os deuses existem, nem que não existem. Morreu num naufrágio, quando a seguir fugia para a Sicília. Protágoras foi o primeiro grego a ganhar dinheiro com ministrar aulas de oratória, poesia, cidadania e gramática, e era famoso pelo alto preço que cobrava.


sexta-feira, 1 de novembro de 2013

NA IDADE MÉDIA


COSMAS INDICOPLEUSTES

 
           - Cosmas Indicopleustes?           

 Cosmas Indicopleustes viveu no século VI da Era Cristã. Era um mercador de Alexandria, que fez inúmeras viagens à India, no decurso das quais acabou se tornando monge. Naquela época os religiosos tinham dificuldade para aceitar a esfericidade da Terra, sobretudo pela afirmação de Aristóteles de que havia outro continente na parte sul do nosso planeta, habitado pelos antípodas, contrapondo-se ao mundo que então se conhecia. Não podiam admitir que houvesse outra civilização, de homens não alcançados pelo Dilúvio. Por isso, mesmo os que acreditavam na esfericidade da Terra, representavam-na como uma semiesfera, com apenas o Hemisfério Norte e seus três continentes. Cosmas Indicopleustes (literalmente, “Aquele que esteve na Índia”) retratou esse entendimento no seu livro Topografia Cristã, escrito por volta de 550, que, para além de informações sobre história, geografia, filosofia e religião, sustentava com veemência que o céu era uma caixa de tampa curva.       
Para ele, a Terra era plana como a superfície de uma mesa, argumentando com base nos postulados bíblicos:
            - Existem falsos cristãos que ousam sustentar que a Terra é esférica. Uma heresia dos gregos, que refuto com passagens e citações inequívocas dos textos sagrados.

 
Mapa do mundo, segundo Indicopleustes

Um desses argumentos era o Salmo 104: 5: “Assentaste a Terra sobre suas bases, irremovível para sempre e eternamente.” Um regresso de dois mil anos à concepção do mundo dos babilônios e egpícios, para aquém das concepções de Platão, Aristóteles e Ptolomeu.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Three quarks for Muster Mark

QUAL A ORIGEM DA PALAVRA QUARK?

- Pio da gaivota...

Murray Gell-Mann, físico de Nova York, descobriu na década de 1960 que os elementos pesados do átomo, ou seja, prótons e nêutrons, são formados pela união de três quarks, estes, sim, partículas elementares como os elétrons. 

Existem seis tipos de quarks, que se caracterizam por certas propriedades, como carga elétrica, "cor" e "sabor".

O nome “quark” foi retirado por Gell-Mann de Three quarks for Muster Mark, um estranho verso de James Joyce no livro Finnegan´s Wake. Joyce gostava de inventar palavras e, segundo geralmente se aceita, esse verso vale por “Three quarts for Mister Mark” ( “Três quartas para o senhor Mark”).

“O quark e o jaguar”, um dos livros de Gell-Mann, faz uma primorosa correlação entre o quark, que representa a elementaridade e a similaridade, e o jaguar, que representa a individualidade e a complexidade.

Gell-Mann é um dos homens mais cultos da atualidade.

sábado, 19 de outubro de 2013

Richard Feynman


O SENHOR ESTÁ DE BRINCADEIRA...



Richard Feynman, físico de Nova York que gostava do Rio de Janeiro, foi um dos ganhadores do Prêmio Nobel de Física de 1965, por seus trabalhos relacionados com Física Quântica. 

Exímio tocador de tamborim, brilhou nas batucadas de Copacabana e conquistou o título do carnaval de 1952 tocando frigideira no bloco carnavalesco Inocentes de Copacabana. 

Voltou para os Estados Unidos acompanhado de uma prostituta, de nome Clotilde, que o chamava de "querido Ricardinho".

Ele dizia que nos tempos de estudante, numa festa na Universidade de Princeton, a mulher do reitor ofereceu-lhe chá, com a seguinte pergunta: o senhor toma o seu chá com leite ou com limão?

- Com ambos, respondeu o distraído Feynman.

- O senhor está brincando, senhor Feynman!, protestou a anfitrioa.

Em 1985 Feynman escreveu o livro autobiográfico "O senhor está brincando, senhor Feynman!" ("Surely you´re joking, Mr. Feynman!"), que teve 500 mil exemplares vendidos.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

AINDA ALÉM DA TAPOBRANA


SERENDIPIDADE

 
Serendip foi um dos nomes da Taprobana, a ilha mencionada por Camões no Canto I dos Lusíadas, que também já foi chamada de Ceilão e hoje é conhecida como Sri Lanka. De acordo com um conto oriental, três príncipes de Serendip, nos seus passeios pela ilha, fizeram importantes e inesperadas descobertas, das quais sempre tiravam proveito, graças à sua inteligência e sagacidade. Essa a inspiração que levou o escritor e político inglês Horace Walpole a sugerir, em 1754, a palavra “serendipity” (serendipidade) para designar descobertas felizes, mas acidentais. Na serendipidade, aliam-se  sorte, para fazer a descoberta inesperada, e competência, para reconhecer sua importância. A descoberta da penicilina, que demonstrou suas propriedades ao cair acidentalmente sobre uma cultura de bactérias, é um caso típico de serendipidade. Outros casos de serendipidade: a descoberta do fósforo por Hennig Brand , que procurava obter ouro a partir da urina, e a detecção do ruído do Big Bang, por Penzias e Wilson, em 1964, quando calibravam uma gigantesca antena na localidade de Homdel, New Jersey.
            Outros exemplos de serendipidade
            Em 1948, o engenheiro suíço George de Mestral viu sementes espinhosas em sua calça e teve a ideia de inventar o Velcro.
            O cientista e inventor norte-americano Arthur Fry tentava em 1974 fabricar uma supercola e obteve, ao contrário, uma cola muito fraca, que só serviu para marcar as páginas do seu livro de hinos. Assim nasceram os adesivos do tipo "post-it".
            O Viagra, desenvolvido nos Estados Unidos, em 1996, para tratamento de problemas cardíacos, apresentou o inesperado efeito colateral de provocar ereções penianas, o que levou o grupo Pfizer a patenteá-lo para uso no tratamento da disfunção erétil.


sexta-feira, 4 de outubro de 2013

NEWTON OU EINSTEIN?

NEWTON 

 

 Eis os versos do poeta inglês Alexander Pope (1688-1744), gravados no túmulo de Isaac Newton (1642-1727), na Abadia de Westminster, em Londres, Inglaterra:

"Nature and Nature's law lay hid in night.
God sad “Let Newton be“ and all was light.
"

Em Português:


"A natureza e as leis naturais jaziam dentro da noite.
Disse Deus “Que seja Newton” e houve a luz."


EINSTEIN
 

John Squire (1884-1958), outro poeta inglês, propôs acrescentar àquele epitáfio de Newton os seguintes versos:

"It did not last: the Devil (howling “Ho! Let Einstein be!”)
restored the status quo.
"

Em Português:

 
"Não durou: o Diabo (uivando “Oh! Einstein seja feito!”)
restaurou o status quo."


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

OS BURACOS NEGROS

HONORIFICABILITUDINITATIBUS



A mistura impossível de Relatividade e Física Quântica
Recua no tempo e converge para o Big Bang,
O qual tudo acomoda, constrangendo todas as teorias.
Trata-se, como dizem, de uma singularidade,
De muita gravidade e pouca conversa,
Onde o espaço, envergonhado, põe-se a ferver,
E as hipotenusas ficam abraçadinhas com seus catetos.

Já me alertaram, porém, que nada se perde,
Nada se cria, tudo se transforma.

Avassalado pelo espetáculo soberano da Natureza,
Não vislumbro a Nebulosa de Andrômeda.
Odeio a precessão dos equinócios
E tudo que sei vem da Segunda Lei de Newton.
Desentendo com competência o grande, o pequeno e o veloz,
Mas tenho pena e medo dos buracos negros,
Que tudo sabem, mas não dizem coisa alguma, 
Eles que são consumidores de informação.
Dizer o quê? Honorificabilitudinitatibus...


sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Mário Quintana


Astrologia


Minha estrela não é a de Belém:
A que, parada, aguarda o peregrino.
Sem importar-se com qualquer destino
A minha estrela vai seguindo além...


— Meu Deus, o que é que esse menino tem? —
Já suspeitavam desde eu pequenino.
O que eu tenho? É uma estrela em desatino...
E nos desentendemos muito bem!


E quando tudo parecia a esmo
E nesses descaminhos me perdia
Encontrei muitas vezes a mim mesmo...


Eu temo é uma traição do instinto
Que me liberte, por acaso, um dia
Deste velho e encantado Labirinto.