Desencanto
Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.
Manuel Bandeira (1886 - 1968)
sexta-feira, 21 de março de 2008
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Um comentário:
Espero que ainda me seja permitido comentar este blog, principalmente esta poesia que é muito triste.
Uma amizade incondicional não impõem condições ao outro.
Certa melancolia e angustia permeia a obra de Manuel Bandeira em que procura uma forma de sentir a alegria da vida, pois sabia dos riscos que corria de deixar de viver por estar doente dos pulmões.
Feliz daquele que trasfere o que sabe e aprende o que ensina.Cora Coralina.Pedoe-me Gina
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