Outra equação no túmulo
Até o início do século XX os físicos dividiam-se em mecanicistas, que acreditavam ser possível explicar os fenômenos pelos movimentos dos átomos e moléculas, impondo à natureza um comportamento estatístico, e os energistas, que defendiam serem os fenômenos uma conseqüência das trocas de energia.
- Não existe esse negócio de átomos, diziam os energistas.
Ludwig Boltzmann, que foi professor das universidades de Graz, Viena, Munique e Leipzig, tornou-se o mais ativo mecanicista, insistindo em explicar os fenômenos macroscópicos (pressão, temperatura etc) pelas interações entre átomos e moléculas, no seu constante movimento.
A maioria dos físicos, até mesmo Ernest Mach e Wilhelm Ostwald, que eram seus colegas de universidade, rejeitavam essa concepção, sem querer aceitar a existência real dos átomos e moléculas. Ernest Mach escreveu:
- Os átomos são objetos do pensamento, que não podem ser percebidos pelos sentidos.
Boltzmann manteve uma interminável disputa com o editor da publicação científica mais importante da Alemanha, que não admitia nos textos a serem publicados a consideração de átomos e moléculas como entidades reais, senão como constructos mentais.
Teve, porém, o apoio de Maxwell, na Escócia, e de Gibbs, nos Estados Unidos, e de grande parte dos químicos, que a esta altura já estavam cientes da teoria atômica de John Dalton.
Suicídio
Em 1906, quando passava férias na Baía de Druino, perto de Trieste, Boltzmann se enforcou. Não se sabe se as acirradas disputas científicas que ainda o acompanhavam pesaram para esse trágico desfecho, sendo certo, porém, que Boltzmann tinha uma natureza muito depressiva.
No túmulo
Boltzmann definiu a entropia de forma geral e inequívoca em termos mecânicos, a partir da teoria cinética dos gases. As equações correspondentes são muito complicadas, mas a teoria de Boltzmann foi aceita pouco depois de sua morte, quando medidas de J. Perrin, em 1908, mostraram a insofismável existência e o movimento dos átomos e moléculas. No túmulo de Boltzmann, no Cemitério Central de Viena, encontra-se gravada a equação correspondente às suas idéias:
S = k log W
sexta-feira, 7 de setembro de 2007
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