NOVOS FUNDAMENTOS DA MATEMÁTICA
Pesquisa feita entre 2018 e 2020.
Texto elaborado em 2020 e aqui publicado em 19 de março de 2021.
Autor: Remo Mannarino
INTRODUÇÃO
O texto que se segue propõe
uma reformulação nos fundamentos da matemática, que tem como fulcro o
entendimento de que os cálculos matemáticos devem ser feitos com expressões
numéricas de contagens, de medidas, de quantidades físicas ou de contagens
abstratas, não com números isoladamente considerados.
A reformulação estabelece que os números são neutros, descartando a existência
de números positivos, negativos ou imaginários.
E, mais, não existem
multiplicadores negativos, sendo certo que, tratando-se de contagens de
módulos, só há uma ordem dos fatores, o fator multiplicador seguido do fator a
ser multiplicado.
Ver, ainda, que, na
matemática relevante, só as contagens de passos e as quantidades físicas podem
ser elevadas ao quadrado, como, de resto, a qualquer outra potência.
Equações relevantes
são expressas em contagens de módulos e polinômios relevantes são expressos em
passos e unidades derivadas dos mesmos. Observar também que só existem equações
matematicamente relevantes que sejam do primeiro grau e polinômios
matematicamente relevantes que sejam do primeiro, do segundo ou do terceiro
graus.
E a equação do segundo grau, tão presente em todos os currículos? A resposta é simples: a chamada equação do segundo grau é na verdade uma equação do primeiro grau com duas versões imbricadas, de caráter lúdico, cujas soluções podem ser obtidas aritmeticamente. Considerar como equação do segundo grau o trinômio da parábola igualado a zero é um entendimento que contribui para tumultuar a matemática e atravancar o seu progresso.
TERMINOLOGIA
Este artigo adota
arbitrariamente os seguintes termos e expressões:
1 - "módulo",
para designar um elemento ou membro de um conjunto.
2 - "passo", para
designar uma unidade de distância adotada para fazer um estudo geométrico.
3 - "contagem",
para designar o resultado de uma aferição ou de uma verificação de ordem ou
posicionamento. Há quatro tipos de contagens:
- "contagens
de módulos", que servem às equações do primeiro grau;
- "contagens de
passos", que servem aos polinômios do primeiro, do segundo e do terceiro
graus.
- "contagens
abstratas", que servem para aferir ordens e posições, definindo um
"número vinculado".
- "contagens
de "número de vezes", que definem multiplicadores.
As contagens
abstratas e as contagens de "número de vezes" são definidas por um
número “vinculado” a essas contagens, mas as contagens de módulos e de passos
são expressas por um número e uma unidade alusiva.
4 -"quantidade
física", para designar o resultado, expresso por um número e uma
unidade, de uma aferição relacionada com um estado físico ou um
fenômeno físico. As quantidades físicas diferem das contagens anteriormente
definidas por não resultarem de somas algébricas e são usadas de acordo
com o estabelecido nas fórmulas e leis científicas.
5 - "números
isolados" - para designar números que apenas expressam uma
quantidade e não se relacionam a nenhuma contagem ou quantidade física.
6 – “equações
ou polinômios de caráter lúdico” – equações ou polinômios construídos com
números isolados.
7 – “equações
que importam, prestantes ou relevantes” – são aquelas construídas com
contagens de módulos.
8 – “polinômios
que importam, prestantes ou relevantes” – são aqueles construídos com
contagens de passos e de seus derivados.
DESENVOLVIMENTO
Números e
contagens
O número é um
indicador, múltiplo até o infinito, usado para expressar a magnitude de uma
contagem ou de uma quantidade física.
O número é neutro,
um indicador sem sinal.
Os sinais de mais
(+) e de menos (-) são na verdade atributos de contagens. De fato, a
contagem de módulos e a contagem de passos resultam de uma sucessão de adições
e subtrações de contagens parciais, configurando uma soma algébrica, que pode
resultar positiva ou negativa. A contagem resultante é sempre
referida a um virtual ponto zero. Desse modo, uma expressão numérica negativa
é, relativamente ao ponto zero, a imagem de uma contagem, sendo esta, por sua
vez, a imagem da sua própria imagem.
Contagens de
módulos
A contagem de
módulos é uma soma algébrica de “coisas” ou “elementos” iguais ou assim
considerados para fins de aferição; por exemplo, 100 laranjas, 100 móveis, 100
alunos. A contagem de módulos é usada na aritmética, em especial na resolução
de problemas por meio de equações prestantes, todas do primeiro grau.
Contagens de
passos
As contagens de
passos são utilizadas na geometria, para estudar linhas, figuras e sólidos. Uma
unidade básica, o passo, é usada para aferir
comprimentos ou posições. Uma segunda unidade, o passo2, quadrado
da unidade básica, é usada para quantificar áreas. Uma terceira, o passo3,
cubo da unidade básica, é usada para quantificar volumes.
O passo pode ser
uma unidade adotada por convenção, como o metro, tendo o metro quadrado e o
metro cúbico como unidades derivadas. As três unidades são a base das
expressões numéricas da geometria, respectivamente, comprimentos, áreas e
volumes.
Também pode ser o
passo o lado de uma quadrícula ao acaso em uma folha de desenho (caso em que
essa unidade fica subentendida, tanto quanto o passo2, a
unidade dela derivada). O quadrado da quadrícula, que exprime o passo2,
pode, no desenho, ser aumentado ou reduzido discricionariamente nos termos
de uma escala arbitrária.
É importante
observar que a expressão numérica da contagem de passos em nenhuma hipótese
pode ser elevada a uma potência maior que três, nem a alguma potência
fracionária, pois essas operações implicariam dimensões que não existem.
Contagens
abstratas
Uma contagem
abstrata (que poderíamos chamar de "número vinculado") é a expressão
numérica de uma posição ou de uma ordem. A expressão numérica de uma contagem
abstrata não tem unidade explícita, sendo representada apenas por um número. Por
exemplo, o sexto cliente de uma fila ou a oitava economia do mundo.
Contagens de
"número de vezes"
Neste texto a
expressão "número de vezes" será tomada como equivalente a
"multiplicador". Deve-se observar, não obstante, que o multiplicador
pode ser um número fracionário. Trata-se de uma contagem que não aceita
subtrações e nunca pode ser negativa. Não há, com efeito, multiplicadores
negativos!
Quantidades
físicas
Seus números e
unidades são usados em fórmulas da maneira estabelecida em uma teoria
científica. As quantidades físicas em geral não são aferidas mediante somas
algébricas, mas de acordo com processos científicos especiais.
As unidades
envolvem-se nos cálculos
As unidades, se presentes nas contagens,
devem, igualmente, estar presentes nos cálculos, dos quais podem resultar
novas unidades, o que se observa nos dois exemplos abaixo:
1 - No cálculo do
volume de um sólido, um exercício geométrico, os números são dados em metros e
a resposta é obtida em metros cúbicos.
2 - No cálculo da
força que atua sobre um corpo, que é um exercício da física, a massa é dada em
quilogramas, a aceleração, em metros por segundo ao quadrado, sendo a resposta
obtida em newtons.
Os cálculos acima
são feitos com números, sob a égide das expressões numéricas, o que significa
saber, por exemplo, se é possível ou não fazer multiplicações ou como expressar
o resultado da operação. Tudo feito com o cuidado de observar o que acontece
com as unidades.
Em outras
palavras, devemos respeitar as regras do jogo.
Entendendo a
multiplicação
A multiplicação é,
numa soma algébrica, um mecanismo que permite adicionar, como única parcela, a
mesma contagem um “número de vezes” a que se chama de multiplicador. Trata-se
de uma contagem abstrata de caráter auxiliar.
Neste artigo a expressão
“número de vezes” e a palavra “multiplicador” têm igual significado. Como já
referido, o multiplicador pode ser inteiro ou fracionário.
O multiplicador ou
“número de vezes” é sempre neutro. Em outras palavras, não existe “número de
vezes” ou multiplicador negativo!
Por outro lado,
nenhuma outra contagem pode multiplicar um multiplicador! Um multiplicador só
pode ser multiplicado por outro multiplicador. Eis que nos cálculos com
contagens de módulos a ordem dos fatores altera o produto! Três salas de aula
de (= três vezes) vinte alunos totalizam sessenta alunos. Mas vinte alunos em
três salas não perfazem sessenta salas!
Ver, portanto, que
uma contagem de módulos nunca multiplica outra contagem de módulos! Não faz
sentido multiplicar um lucro no balanço pela área de um terreno ou elevar uma
dívida bancária ao quadrado. Até parece um truísmo, mas, nada obstante e como
veremos, um entendimento fundamental na matemática!
Contagens
multiplicadoras e contagens multiplicadas
Vamos verificar
como se comporta cada contagem em relação à multiplicação:
- Contagem de
“número de vezes”: um “número de vezes” pode multiplicar as outras
contagens, até mesmo outro "número de vezes", tanto quanto
multiplicar números isolados. Uma contagem multiplicada por um “número de
vezes” dá lugar a outra contagem de mesma unidade: 5 vezes 10 = 50; 5 vezes 10
laranjas = 50 laranjas; 5 vezes 10 metros = 50 metros; 5 vezes 10 quilos = 50
quilos; (5 vezes) vezes (5 vezes) = 25 vezes.
- Contagem de
módulos: uma contagem de módulos pode ser multiplicada por "um número de
vezes", mas não pode ser usada como multiplicador de outra contagem de
módulos ou de qualquer outra contagem. A consequência é que as equações que
importam, ou seja, aquelas que envolvem módulos, são sempre do primeiro
grau.
- Contagens de
passos: as contagens de passos podem ser multiplicadas por um “número de
vezes”, mas também podem se multiplicar, neste caso obtendo uma área, com
unidade ao quadrado, e multiplicar uma área, obtendo um volume, com unidade ao
cubo. Como consequência, os polinômios relevantes podem ser de primeiro,
segundo e terceiro graus. As contagens de passos estão relacionadas à
geometria, ou seja, ao estudo da forma, tamanho e posição relativa de linhas,
figuras e sólidos. Uma unidade básica serve para expressar
comprimentos. Uma segunda unidade, que corresponde ao quadrado da unidade
básica, é usada para quantificar áreas. Uma terceira, o cubo da unidade básica,
é usada para quantificar volumes.
- Quantidades
físicas: as quantidades físicas, de acordo com fórmulas impostas pela
física, e a elas atendendo, podem ser multiplicadas por um "número de
vezes", multiplicar-se ou multiplicar qualquer outra quantidade física,
sempre com participação das unidades envolvidas.
Imagens
de contagens e imagens de imagens
Podemos imaginar
que uma contagem de módulos, assim como uma contagem de passos, esteja
linearmente representada no eixo das abscissas, partindo de um ponto zero. Como
somas algébricas, essas contagens podem ser positivas ou negativas.
As contagens
positivas correspondem metaforicamente aos chamados “números positivos”,
enquanto as contagens negativas correspondem metaforicamente aos chamados
“números negativos”.
Uma contagem
negativa (“um número negativo”) é a imagem de uma contagem positiva (“um número
positivo”) de igual magnitude e vice-versa:
(- a) = imagem da
contagem “+ a” = - (+ a)
(+ a) = imagem da
sua própria imagem = - (- a)
Subtrair contagens
ou subtrair imagens de contagens
Subtração de (+ b)
A subtração de uma
contagem corresponde à soma da sua imagem, como a seguir:
(a) - (+ b) = (a)
+ (- b)
Subtração de (- b)
A
subtração da imagem de uma contagem corresponde, por seu turno, à soma da
própria contagem (pois uma contagem é a imagem da sua imagem):
(a) - (- b) = (a)
+ (+ b)
Produtos com
fatores negativos
Uma multiplicação
com dois fatores negativos não implica admitir multiplicador negativo, conforme
se pode ver nos dois casos a seguir.
Primeiro caso:
multiplicação de (x - a) por (x - b)
A multiplicação
com dois fatores negativos é consequência de um acidente matemático que ocorre
dentro das operações algébricas, mas nunca em eventos da vida real. Por
exemplo, a multiplicação algébrica de (x - a) por (x - b) dá lugar à seguinte
soma algébrica:
x² - ax – bx
+ (- a) x (- b)
Última parcela da
soma algébrica acima, “(- a) x (- b)” é, portanto, uma ocorrência no
interior de uma operação matemática, cabendo lembrar que estamos multiplicando
(x - a) por (x - b), e não (- a) por (- b).
O que significa e
qual o resultado P dessa multiplicação incidental com dois fatores negativos?
Resposta: partindo
do pressuposto de que o multiplicador é sempre positivo, um dos sinais
negativos indica que o produto é negativo e o outro, que tal produto negativo é
uma imagem. O resultado é, portanto, a imagem da imagem de uma contagem, ou
seja, a própria contagem, positivamente considerada. Do seguinte modo:
P = (- a) x (- b)
= - (a) x (- b) = - (- a) x (b) = - (-ab) = + ab
Ver, no Apêndice
3, uma demonstração da igualdade acima com recursos da geometria.
O raciocínio,
válido para contagens de passos, vale também em caso de fatores com números
isoladamente considerados, isto é, números não vinculados a contagens.
A multiplicação
com dois fatores negativos não ocorre no nosso quotidiano, pelo fato de que não
há “número de vezes” negativo; ninguém pode cobrar de outrem uma dívida de
“menos cinco vezes” o aluguel devido ou receber “menos três vezes” uma dúzia de
maçãs.
Segundo caso:
multiplicação dentro de uma equação:
Seja o caso de
efetuar a multiplicação
P = - 5 (7 - x),
que ocorra num
desenvolvimento algébrico (no interior de uma equação, por exemplo). É evidente
que x é uma contagem de passos ou de módulos, ou mesmo uma quantidade física,
tanto quanto 7. Ou então 5, x e 7 são números isolados de uma equação lúdica.
Em qualquer dos casos, 5 é o multiplicador, que não pode ser
negativo. Logo, o que se quer calcular é a imagem de 5 (7 - x).
P = - (5 (7 - x))
=
imagem de (5 (7 -
x)) =
imagem de (35 –
5x) =
5x - 35
Um “número
negativo” elevado à potência “n”
A imagem de uma
contagem (isto é, um “número negativo”) não pode ser a base de nenhuma
potência, dado que não pode atuar como multiplicador. Ou seja, não é possível
elevar um “número negativo” ao quadrado, ao cubo etc.
Como então
interpretar e proceder, se numa operação algébrica com polinômios surgir uma
expressão como (-a) n? Resposta: (-a) n é
igual a (-a) multiplicado por (a)(n-1),
com resultado positivo, se “n” for 2, e resultado negativo, se “n” for 3. De
fato, uma multiplicação de caráter acidental, somente possível com
contagens de passos, relevante na geometria, no trato com polinômios do
segundo e do terceiro graus. Ou com números isolados, nos polinômios de caráter
lúdico.
Seja calcular x2,
para x = - 11, e x3, para x = - 5:
x2 =
(- 11)2 = - (11) x (- 11) = - ( -121) = + 121
x3 =
(- 5)3 = - - (5)2 x (- 5)
= - - (25) x (-5) = - 125
Observação
Um “número
negativo” nunca resulta de uma raiz quadrada porque “números negativos”
(imagens) não têm quadrado.
Equações
É importante o
entendimento de que "equação" é o confronto de duas somas algébricas
de contagens construídas para serem iguais, uma das quais, ou ambas, contendo
uma contagem desconhecida, que se quer conhecer, designada pela letra “x” e
denominada “incógnita”.
É um mecanismo
desenvolvido caso a caso para a resolução de problemas aritméticos.
As equações que
envolvem contagens de módulos são as “equações que importam” ou
"prestantes" e as que envolvem números isolados são
as “equações lúdicas”. No caso geral, sejam “equações que importam”
ou “lúdicas”, existe um único “x”, desconhecido, que se pretende descobrir.
Ressalve-se o caso da chamada equação do segundo grau, que é na verdade uma
equação ambígua do primeiro grau, lúdica, com duas possibilidades e duas
soluções interligadas. Ver Apêndice II.
Uma equação que
importa, a de contagens de módulos, sempre tem de incluir duas contagens: uma
incógnita x e um termo independente de x. Não existe equação sem termo
independente de x.
As equações de
contagens de módulos são relevantes em matemática, enquanto as de números
isolados são apenas lúdicas. Por que lúdicas? Porque a princípio despertam
interesse restrito, meramente recreativo, sem aplicação na vida real. Qual a
utilidade, que não lúdica, de encontrar números isolados e sem nenhuma conexão
com a realidade, ou seja, números que nada significam? Podemos, por exemplo,
construir uma equação e descobrir que os três “números” consecutivos que somam
141 são 46; 47; e 48, mas não há nenhuma utilidade, que não recreacional, nessa
resposta.
A equação
envolvendo números isolados pode ser de qualquer grau, desde que resulte de uma
igualdade imposta a duas somas algébricas a partir de um problema proposto. No
entanto, não é fácil construir equações de grau maior que um. Se, não obstante,
puderem ser construídas, outro problema será resolvê-las.
A única equação de
grau superior que se conhece é a equação lúdica, do segundo grau, necessária
para encontrar “dois números de soma S e produto P”. Um caso excepcional de
equação com duas incógnitas, que, não obstante, corresponde na verdade a uma
equação do primeiro grau abrigando duas versões imbricadas por uma questão de
simetria.
Seja agora comentar
sobre a dica de multiplicar “(x - a)” por “(x - b)” por “(x - c)” etc., “n”
vezes, e igualar o resultado a zero para obter uma “equação” de grau “n”, com
“n” “raízes”. Trata-se de uma equação falsa, pois não foi erigida impondo
igualdade a duas somas algébricas de contagens. O polinômio lúdico obtido é
certamente igual a zero para x = a, para x = b, para x = c, e assim por diante,
mas encontrar essas "raízes" é exercício tedioso, certamente inútil,
de enxugamento de gelo.
Ressalte-se, ainda
uma vez, que a equação é uma igualdade imposta a duas somas algébricas de
contagens, nas quais existe um termo desconhecido, designado pela letra “x” e
denominado “incógnita”. Se a incógnita for uma contagem de módulos, a equação é
necessariamente do primeiro grau porque uma contagem de módulos não pode ser
multiplicada por outra contagem de módulos ou elevada a qualquer potência.
Polinômios
Assim como a
contagem de módulos serve à aritmética, a contagem de passos serve à geometria,
da qual um dos instrumentos é o polinômio, uma espécie de fórmula para estudar
linhas, figuras, sólidos e suas relações.
Os "polinômios
que importam" operam com contagens de passos e suas duas unidades
derivadas (passo, passo2 e passo3) e podem ser de
primeiro, segundo e terceiro graus.
Se o
polinômio for do primeiro grau, é uma contagem de passos; se do segundo grau,
uma área; se do terceiro grau, um volume. Todos os polinômios de grau acima de
três são lúdicos.
O polinômio é uma
fórmula, não um confronto de somas algébricas de contagens, e nesta condição o
seu valor pode corresponder a todo e qualquer valor de “x”, arbitrariamente
escolhido. Diversamente, o “x” de uma equação é único e responde a um problema
proposto. Igualado um polinômio a zero, a igualdade resultante corresponde aos
pontos nos quais ele se anula, não dando surgimento a uma equação.
Matemática na
ciência
A ciência tem
regras especiais para a matemática e impõe caso a caso suas fórmulas e
unidades. A física indica, por alguma fórmula, se a expressão numérica de uma
propriedade física pode ser multiplicada por si ou pela expressão numérica de
outra propriedade física. Por exemplo, números e unidades estão envolvidos na
fórmula da lei da gravidade, na qual a expressão numérica de uma força, em newtons,
resulta de cálculos com expressões numéricas em metros e quilogramas:
F = G. m1.m2 /
r²
F = força
gravitacional, em "newtons", n
m1 e
m2 = massas, em “quilogramas”, k
r =
distância, em “metros”, m
G = constante de
gravitação universal, em “(n.m² / k²)”, unidade gerada pela fórmula.
Outro ponto de
interesse é que a física é livre para elevar suas propriedades a qualquer
potência. Por exemplo, a lei de Stefan-Boltzmann estabelece que a potência
emissiva (e) do corpo negro é proporcional à quarta potência de sua temperatura
absoluta (T):
e= c.T4
e = potência
emissiva, em “watt/m2”
T = a temperatura
absoluta, em “graus Kelvin.”
c = constante de
proporcionalidade, em unidades derivadas da fórmula.
CONCLUSÕES
As operações
matemáticas relativas a equações e polinômios devem ser feitas com expressões
numéricas de contagens, envolvendo nos cálculos os números e as unidades das
contagens. O número é neutro. Não existem números positivos, negativos ou
imaginários.
As expressões
numéricas que resultam de somas algébricas (as contagens de módulos e as
contagens de passos), estas sim, podem ser positivas ou negativas.
Uma contagem
negativa corresponde à sua imagem; uma contagem (positiva) é a imagem da sua
imagem. Subtrair uma contagem é adicionar sua imagem à soma algébrica; subtrair
a imagem de uma contagem é adicioná-la à soma algébrica.
A multiplicação é,
numa soma algébrica, um mecanismo que permite adicionar, como única parcela, a
mesma contagem um “número de vezes” a que se chama de multiplicador. O
entendimento do que seja uma multiplicação e de suas limitações é
fundamental nas decisões e nos processos matemáticos.
Não há multiplicação
com multiplicadores negativos. Dois fatores negativos são um acidente algébrico
no âmbito de operações algébricas, ensejando resultado positivo, como imagem de
um produto negativo. A imagem de uma contagem não pode ser potenciada, pois não
há multiplicador negativo. Não existe, pois, raiz quadrada de “número
negativo”. Tampouco existem "números imaginários".
As equações são
uma ferramenta da aritmética. As “equações que importam”, construídas
necessariamente com contagens de módulos, são sempre do primeiro grau. As
equações com números isolados são lúdicas e, se possível construí-las, podem
ser de qualquer grau. Os polinômios são uma ferramenta da geometria; os
“polinômios que importam”, construídos com contagens de passos, podem ser de primeiro,
segundo e terceiro graus.
A "fórmula" de Bhaskara é a junção de
duas fórmulas que podem ser demonstradas pela geometria e serve para extrair as
raízes de um trinômio do segundo grau. Essas raízes são passos, como todos os
pontos do trinômio.
A equação do "segundo grau" é na verdade uma equação do primeiro grau com duas versões, cada uma com uma incógnita numericamente igual a seu multiplicador. Esse entendimento teria evitado muita confusão na matemática; um exemplo foi a insólita criação dos números imaginários.
APÊNDICE I
O trinômio do segundo grau
O trinômio do segundo grau é a fórmula geométrica
da parábola
y = ax² + bx + c
Ver, na figura 1, que cada ordenada y* corresponde
a dois pontos simétricos da parábola, cujas abscissas são x*1 e
x*2.
Figura 1
As raízes da parábola (x1 e x2) podem
ser calculadas usando a fórmula de Bhaskara, x1 e x2 =
(- b ± √ (b²- 4ac)) /2a, que assim se pode demonstrar:
y = ax² + bx + c
y´= 2ax + b (derivada primeira). O ponto M, de
ordenada mínima (que corresponde a y' = 0) e abscissa xm, é a
referência para a simetria da parábola.
xm = - b/2a
xm dista “d” das raízes x1 e
x2.
x1 = xm – d = - (b
+ 2ad) /2a
x2 = xm + d = - (b
- 2ad) /2a
Cálculo de x1
ax1² + bx1 + c = 0
Substituindo, na equação acima,
x1 por
- (b + 2ad) / 2a e desenvolvendo, temos
x1 = (- b - √ (b² - 4ac))
/2a (1)
Cálculo de x2
x2² + bx1 + c = 0
Substituindo, n\a equação acima,
x2 por
- (b + 2ad) / 2a e desenvolvendo, temos
x2 = (- b - √ (b² - 4ac))
/2a
x2 = (- b + √ b² - 4ac)) /2a (2)
Englobando (1) e (2), temos a fórmula de Baskhara
(= (- b ± √ b² - 4ac)) /2a
Observação importante: a ocorrência de (b² -
4ac) menor que zero implica raiz quadrada impossível, indicando que a parábola
não possui raízes, por estar totalmente acima ou totalmente abaixo do eixo
dos “x”, como nas duas representações da Figura 2.
Figura 2
APÊNDICE II
A equação de segundo grau
O trinômio y = x² - 5x + 6, se igualado a zero, permite
calcular os pontos em que se anula a parábola que lhe corresponde, ou seja,
suas raízes são 2 e 3, como vimos no Apêndice I. Esse cálculo pode ser feito
com o recurso geométrico da fórmula de Baskhara.
Vejamos, por outro lado, o que acontece quando
tentamos resolver a seguinte questão: calcular dois números, x1 e
x2, de soma 5 e produto 6. A qual nos leva a multiplicar “x”
por (5-x) e igualar o resultado a 6, ou seja, construir a equação lúdica: x² -
5x + 6 = 0, construída, portanto, com números isolados.
A igualdade x² - 5x + 6 = 0 é, desse modo:
- Na geometria: uma equação do segundo grau falsa,
que resulta de um polinômio igualado a zero. Os valores envolvidos são
contagens de passos ou de seus quadrados.
- Na aritmética: uma equação do segundo grau
lúdica, mas real, que resulta de da combinação de dois confrontos de informações
para resolver um problema proposto. Não se trata propriamente de uma
equação a exprimir um único confronto, mas de uma fusão de duas equações, a
saber, x1 + x2= 5 e x1. x2 =
6.
É possível encontrar x1 e + x2
com recursos aritméticos. São dois números isolados cuja soma é 5 e o
produto é 6. Calculando x1, teremos x2= 5-x1.
Para calcular x1, façamos x1 =
j + k, com j ≠ 0 e k ≠ 0
x1² - 5x1 + 6 =
0 (1)
Se x1 = j + k, então
x1² = (j + k) ² = j2 +
2jk + k2 e
- 5x1 = - 5j -5k,
de modo que, substituindo em (1), temos
j2+ 2jk + k2 - 5j -5k +
6 = 0
Rearranjando
(2jk - 5k) + (j2 + k2- -
5j + 6) = 0
Para garantir a nulidade acima, basta que
(2jk - 5k) = 0 (primeira parcela)
e
(j2 + k2- -
5j + 6) =0 (segunda parcela)
Primeira parcela calcula j
(2jk - 5k) = 0
k ≠ o
k (2j - 5) = 0
j = 5/2 = 2,5
Segunda parcela calcula k
(j2 + k2 - 5j + 6)
= 0
(j2 + k2 - 5j
+ 6) = 0
j = 2,5
(2,5)2 + k2- 5 x 2,5 + 6= 0
k = ½
Valor de x1
x1 = j + k = 5/2 +
½ = 3
Valor de x2
x2= 5 –x1 = 2
Obtivemos desse modo os valores de x1 e
x2 com recursos aritméticos, sem recorrer à formula de
Bhaskara.
Elucubração final sobre a equação do segundo grau
A equação do "segundo grau" é na verdade uma
equação do primeiro grau que abriga duas versões diferentes, cada uma com uma
incógnita numericamente igual ao seu multiplicador.
Com efeito, consideremos a equação ax2 +
bx + c = 0. A equação parece do segundo grau, mas é na verdade do primeiro grau
porque nela x2 é o produto de um “número de vezes” x* por um
número isolado x, ou seja, um número isolado multiplicada por um número de
vezes de igual valor quantitativo. Não se trata, de fato, de um quadrado. A
fusão das duas equações (x1 + x2 = 5
e x1.x2 = 6) resultou numa equação do
primeiro grau que serve à obtenção de duas incógnitas e nesse mister utiliza em
ambas as versões sua soma S e seu produto P.
x*1. x1 - Sx1+ P
= 0,
x*2. x2 - Sx2 +
P = 0,
Primeira versão da equação do primeiro
grau presente na equação x2 - 5x + 6 = 0
2x1 - 5x1 + 6 = 0 x1= 2
Segunda versão da equação do primeiro grau presente
na equação x2 - 5x + 6 = 0
3x2 - 5x2 + 6 = 0 x2 = 3
APÊNDICE III
O objetivo aqui é mostrar geometricamente por que é
positivo o produto de dois fatores negativos. Assumindo, por exemplo,
que (x - a) e (x - b) sejam os lados do retângulo A1, o
cálculo de sua área, (x - a) versus (x - b), desdobra-se numa soma algébrica em
que uma das parcelas é o produto (-a) x (-b), como abaixo:
A1 = (x
- a) x (x - b) = x² - ax - bx + (- a) x (- b)
(Relação I)
Seja o quadrado de lado “x” e área A, Figura 3.
Dividamos o lado inferior desse quadrado nas parcelas "a" e “(x -
a)”, e o lado adjacente esquerdo, nas parcelas “b” e (x – b)” e (x – b).
Figura 3
O
quadrado de área A fica assim repartido em quatro retângulos, com áreas A1,
A2, A3 e A4, de forma que:
A = A1 + A2 + A3 +
A4
(A = área do quadrado externo)
A1 = A - A2 - A3 -
A4 ("produto")
Ver que:
A1 = área do retângulo considerado
inicialmente = (x - a) x (x - b)).
A = + x²
A2 = + ax - A4
A3 = + bx - A4
A4 = + ab
Ao substituir no "produto" os
valores, como acima, de A, A2, A3 e A4,
obtemos
A1= + x² - (+ ax - ab) -
(+ bx - ab) - ab
A1=x² - ax - bx + ab
(Relação II)
A1 (Relação I) = A1 (Relação
II), resultando:
(-a) x (-b) = + ab
Ou seja, (-a) x (-b) iguala-se
a +ab em decorrência e como resultado de uma sucessão de
operações necessárias para recuperar uma contagem que de outro modo seria
indevidamente subtraída do produto (x - a) x (x - b).
Assim se explica como o produto dos dois fatores
negativos resultou positivo e ajuda a entender por que “menos multiplicado por
menos dá mais”, em linha com o entendimento de que a multiplicação com
dois fatores negativos, (- a) e (- b), gera a imagem de um produto negativo, (-
(- ab)), isto é, um resultado positivo (+ ab).
Nunca será demais
lembrar que a multiplicação com dois fatores negativos é uma consequência no
âmbito de operações algébricas, mas nunca em eventos da vida real. Cabe lembrar que, no exemplo acima, estamos na
verdade multiplicando (x - a) por (x - b), e não (- a) por (- b).
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