quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

CONTOS DE 150 PALAVRAS (64)

CECÍLIA


Cecília comprou duas dúzias de cobertores, que, de carro e com algum embaraço no trânsito, levamos ao posto de coleta de donativos para os desabrigados das enchentes, ali na rua da Constituição. Após uma recepção fria e quase grosseira, fomos instruídos a deixar os cobertores num pátio muito sujo, onde desordenadamente se amontoavam outros donativos. Tudo seria removido para o depósito, que ficava nos fundos, e distribuído aos flagelados. 

- Mas a seu tempo.


Um mês depois, superada a urgência da catástrofe, Cecília quis voltar à Rua da Constituição. No depósito ainda estavam os cobertores, embrulhados como os deixáramos no dia da tragédia. Nós os resgatamos quase na marra e os encaminhamos a uma instituição de caridade.

- Por que será que pediram donativos e não os enviaram para as vítimas?

- Esse o ponto. Embolsaram os donativos feitos em dinheiro, esquecendo-se do resto, pois não tinham intenção nenhuma de ajudar ninguém. Mas há os chatos, como nós.

E, entre os chatos, há pessoas espertas, como Cecília.

Um comentário:

Anônimo disse...

Thе mаin questiοn in уour thοughts at this time have to be does tгilastin рerform?


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