domingo, 15 de março de 2009

A IMAGEM DO UNIVERSO (17/n)

LUCRÉCIO, UMA EXCEÇÃO ENTRE OS ROMANOS

A partir do segundo século antes de Cristo, a Grécia passou ao domínio dos romanos, mas os gregos continuaram respondendo pelo progresso científico, sobretudo por causa dos trabalhos desenvolvidos em Alexandria. Diz-se que os romanos interessavam-se mais pelo comércio e pelo direito, e menos pela filosofia e pela ciência, sendo comum mencionar que foram poucas as obras científicas e filosóficas gregas traduzidas para o latim.

Lucrécio

Uma rara incursão dos romanos na área da ciência deve-se a Titus Lucretius Carus (99 a. C. - 55 a.C.), que, ao defender as ideias dos gregos Demócrito (470-360 a. C.) e Epicuro (341 - 271 a. C.), desenvolveu estudos que se caracterizaram pela crença no poder infinito da natureza.
Lucrécio era sujeito a surtos de loucura, ocasionados
, segundo se dizia, por uma poção de amor que lhe era dada por sua mulher. Nos intervalos de lucidez produzia textos e os submetia ao conhecimento de seu amigo Cícero (106 a. C. - 43 a. C.), para quem os poemas de Lucrécio "têm muito de gênio e de arte".
Referindo-se a Lucrécio, Virgílio (70 a. C. - 19 a. C.) afirmou:

- Feliz o homem que é capaz de ler a causa das coisas.


Cícero
De Rerum Natura

A obra de Lucrécio, um longo poema que recebeu o título de "De Rerum Natura" ("Sobre a Natureza das Coisas"), desapareceu durante muitos séculos muito provavelmente por influência da censura cristã, até que uma cópia surgiu na Itália, em 1417, descoberta pelo humanista Gian Francesco Poggio. Tornou-se um dos primeiros livros impressos por Gutenberg.
Grande foi a repercussão de suas ideias durante a Renascença e, sobretudo, a partir do século XVI.
"De Rerum Natura", durante muito tempo lida como obra literária, chegou a ser mais popular que a "Divina Comédia", de Dante Alighieri. Entre seus temas, incluem-se física, botânica, zoologia, medicina, cosmologia, ética e artes militares.
Muitos consideram Lucrécio um precursor do Iluminismo, com influência sobre Voltaire e outros pensadores do século XVIII. Além disso, há, na obra,
afirmações premonitórias sobre as mutações biológicas e seleção do mais apto para sobrevivência, em linha com a teoria evolucionária de Charles Darwin. Escreveu, com efeito, Lucrécio:
Charles Darwin

"(...) Você não deve imaginar que as órbitas luminosas de nossos olhos foram criadas com o propósito de nos fazer enxergar e que nossos braços surgiram como resultado de um projeto
construído para que pudéssemos segurar as coisas, de ambos os lados. Não, absolutamente não. Na verdade, o que nasceu, cria o uso. Não havia visão antes dos olhos, nem fala antes da língua..."

(...) "Os pais legam aos filhos uma quantidade de sementes que receberam da cepa ancestral e são transmitidas através das gerações. Por isso pode acontecer que crianças guardem traços de seus avós e bisavós..."

Lucrécio também defendeu a existência de seres vivos diminutos e invisíveis, que tinham a capacidade de causar doenças, sendo, por isso, apontado como precursor da microbiologia.

Algumas das ideias de Lucrécio

Muitas vezes as ideias de Lucrécio são sintetizadas em proposições:

(1) O Universo teve um começo e terá um fim;

(2) O mundo é feito de átomos, e estes
estão em movimento permanente;


(3) Os átomos combinam-se para formar as substâncias,
mas nem todas as combinações são possíveis;


(4) Mente e corpo constituem uma única substância corporal;

(5) O inferno não tem existência real, mas uma dimensão
imaginária, que reflete o sofrimento das pessoas;


(6) A superstição deriva da ignorância;


(7)
A ninguém foi dada a posse da vida, apenas, a todos, o usufruto;

(8) A morte é nada para nós.... pois, quando vem, já não existimos;

(9) Não existe razão para misturar ciência com religião,
pois não há nenhuma relação das coisas reais com o
sobrenatural e com os deuses;


(10) Apenas a compreensão da Natureza e dos seus processos permite
derrotar o terror que existe na mente das pessoas.



Flammantia moenia mundi

"Tudo é átomo e vazio, desde o invisível vapor da água até o
poderoso firmamento, flammantia moenia mundi
(as flamejantes paredes do mundo)."

3 comentários:

querência disse...

Meu caro Remo,como é reconfortante vir até essa fonte para beber um pouco de Filosofia.Até hoje ainda não conhecí nenhum espaço virtual semelhante ao teu.Fico me perguntando por quê, mesmo pessoas(supostamente)esclarecidas não gostam de filosofia,não gostam de filosofar.Muitas delas trocam o todo pela parte,confundindo metafísica com filosofia.Talvez seja porque pensar dar um pouco de trabalho, exige reflexão.Como estamos na era dos "apressados", do supérfluo e descartável...!
Um abraço e boa semana!

Anônimo disse...

Do Egito hermético, da Pérsia perdida nos fulgores do Sol, da Grécia clássica;voltando os olhos ao Ocidente, educado os homens nas regras frias das ciências submetidas às provas irrecusáveis, ouvimos os filósofos, os cientistas, os pensadores:
_Teremos respostas às mil indagações?
Saberemos por que nascemos, vivemos e morremos?
Por que existem e se transformam os mundos?
Por que se acham constituídos os sistemas planetários, os agrupamentos constelares, as grandes massas nebulóticas, o universo, enfim?
Para que o infinito?Por que as leis e as forças que regem e mantêm a harmonia sideral?
O homem cresce em sua capacidade científica e técnica, fabrica engenhos estupendos, submete-os ao seu mando e conquista até o espaço.
Lança os olhos sobre suas conquistas,e grita sua palavra chave:Ciência!Porque a ciência é sua crença, sua certeza, seu culto.
Entretanto, o universo é um grande livro aberto e a humanidade só pode retirar dele o que souber ler e compreender: a ciência apenas soletra no imenso livro da vida infinita.
O ontem foi ficção, fantasia, imaginação,provocando o manicômio, a fogueira, o desterro.
Hoje é relidade que nem mesmo uma criança negaria de tão provada e visível:
Tudo se transforma, tudo é força, energia, movimento, vida!
O que a mente é, o homem é!
E talvez tenha razão o poeta quando afirma:
Toda mente é clarão e todo o corpo é lama;
Quando a lama apodrece ainda o clarão cintila;
Tirai o corpo e fica uma lingua de chama...
Tirai a mente e fica um fragmento de argila.
Marco Túlio Cícero, político, orador, escritor, estadista, autor de Verrinas, Catilinárias disse:
Muitos homens ilustres que não preciso mencionar, teriam chegado a tão altos feitos, que serão lembrados pela posteridade se não vissem, em suas mentes, que as idades futuras lhes eram concernentes?
Gutenberg nos proporcionou os primeiros livros, restritos apenas a alguns.

Anônimo disse...

Os mundos ou campos de desenvolvimentos da mente, com as suas diversas faixas de matérias em variadas expressões vibratórias,são acalentadas por irradiações luminosas e caloríficas.
Temos assim, a luz e o calor, que teoricamente classificamos entre as irradiações nascidas dos átomos supridos de energia.
São estes que excitados na íntima estrutura, despedem as ondas eletromagnéticas.
Todavia, não obstante tatearmos com relativa segurança as realidades da matéria, definindo assim a natureza corpuscular do calor e da luz, embora saibamos que outras oscilações eletromagnéticas se associam, insuspeitadas por nós, na vastidão universal,aquém do infravermelho e além do ultravioleta, completamente fora da zona de nossas percepções,principalmente no que se refere à elabaoração da luz, qual seja a força que provoca a agitação inteligente dos átomos, compelindo-os a produzir irradiações capazes de lançar ondas no Universo com a velocidade de 300.000 quilômetros por segundo.
Cabe assinalar, que na essência, toda matéria é energia tornada visível.
Onde se conclui que depois da morte sobrevivemos conforme nossa tela mental, pois a partícula de pensamento tanto como o átomo, é uma unidade na essência,a sub-dividir-se, conforme a quantidade, qualidade, comportamento e trajetórias dos componentes que a integram.
A inteligência que mobiliza as idéias para o bem ou o mal, e a partícula de pensamento,são passivas perante o sentimento que lhe dão forma e natureza convertendo-se, por acumulação, em energia gravitante ou libertadora, ácida ou balsâmica, doce ou amarga, vivificadora ou mortífera conforme a sua força;nos ofertando novos horizontes e entendimentos.
Segundo Darwin, os hábitos são transmitidos aos germes células, e assim, a todas as gerações, espécies e tipos que se seguem.