O episódio de Inês de Castro ocorreu em Coimbra, no século XIV. Consta que Dom Pedro, quando ainda príncipe herdeiro do trono de Portugal, casou-se secretamente com a dama espanhola Inês de Castro, após ficar viúvo de Constância de Aragão, falecida em 1345. O casal viveu seus amores no Paço de Santa Clara, às margens do rio Mondego, em Coimbra.
Afonso IV, o Rei Benigno, aconselhado por cortesãos que temiam uma influência espanhola sobre o trono de Portugal, decretou a morte de Inês, em 1355, aproveitando-se do fato de que seu filho Pedro estava ausente, ou lutando pelo Reino de Castilha, segundo uns, ou numa estação de caça, segundo outros.
Três cortesãos, Pero Coelho, Diego Lopes Pacheco e Álvaro Gonçalves, foram encarregados de executar a pobre dama, missão que teriam cumprido com requintes de crueldade, degolando Inês sem nenhuma piedade. Segundo a tradição popular o sangue de Inês ficou gravado numa rocha e nela permanecerá para sempre.
Rei Cruel
Desvairado com o ocorrido, Dom Pedro insurgiu-se contra o pai, derrotou-o, corou-se rei de Portugal e perseguiu os carrascos de Inês, torturando dois deles até a morte, Pero Coelho e Álvaro Gonçalves. Por tal motivo passou à história com os epítetos de Rei Justiceiro e Rei Cruel. Reza uma das versões que em 1361 Dom Pedro mandou exumar o cadáver de Inês, coroando-a rainha depois de morta. Os restos mortais de Pedro e Inês estão em túmulos suntuosos no Mosteiro de Alcobaça, cidade que fica a 109 quilômetros de Lisboa.
Inês nos Lusíadas
Inês de Castro é o tema das estrofes de 118 a 135 do Canto III dos Lusíadas, reproduzindo a história de Portugal como narrada por Vasco da Gama ao rei de Melinde (uma cidade que hoje pertence ao Quênia, na costa do Índico). Abaixo, duas estrofes de Camões alusivas ao episódio:
Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruto,
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a Fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos do Mondego,
De teus formosos olhos nunca enxuto,
Aos montes ensinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas.
Ó tu, que tens de humano o gesto e o peito,
Se de humano é matar uma donzela
Fraca e sem força, só por ter sujeito
O coração a quem soube vencê-la,
A estas criancinhas tem respeito,
Pois o não tens à morte escura dela;
Mova-te a piedade sua e minha,
Pois te não move a culpa que não tinha.
De teus anos colhendo doce fruto,
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a Fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos do Mondego,
De teus formosos olhos nunca enxuto,
Aos montes ensinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas.
Ó tu, que tens de humano o gesto e o peito,
Se de humano é matar uma donzela
Fraca e sem força, só por ter sujeito
O coração a quem soube vencê-la,
A estas criancinhas tem respeito,
Pois o não tens à morte escura dela;
Mova-te a piedade sua e minha,
Pois te não move a culpa que não tinha.
2 comentários:
"Agora é tarde Inês é morta"
Poucos são os que nunca ouviram ou mesmo disseram estas palavras.
Foi o Amor que a conduziu a uma imerecida morte.
Como disse Fernando Pessoa "o nada que é tudo" assume ares de fatos.
O poder, a inveja e a cobiça destruiram um Amor que só os dois tinha o direito de escolher.
Oh! Homens falhos!Foi uma boa escolha evidenciar esta passagem da historia.
Um lindo caso de amor que comove gerações, eu me pergunto como um pai e avô pode ordenar isto? O ser humano é dificil de entender!!!!
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